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Senhores dirigentes, ganhem juízo! O futebol português agradece.

Mais uma semana que passa no futebol português e mais uma semana recheada de polémicas, insinuações e ataques pessoais. A notícia de que o Benfica não teria pagado o ordenado do mês de junho a Jorge Jesus aqueceu um já escaldante verão futebolístico. Foram muitas as declarações sobre o tema e nenhuma delas engrandeceu o futebol nacional. Os dirigentes portugueses continuam a comportar-se como adeptos e não como profissionais com responsabilidades que deveriam fazer de tudo para dignificarem os emblemas que representam.

Senhores dirigentes, ganhem juízo! O futebol português agradece.

Segundo a Imprensa, Jorge Jesus não recebeu ainda o ordenado, pago pelo Benfica, referente ao mês de junho. Uma retaliação do clube da Luz ao treinador português que trocou os encarnados pelos leões no início do verão. Como é seu apanágio, o diretor de comunicação do Benfica, João Gabriel, não se fez rogado e veio explicar a situação aproveitando para mandar umas farpas a Jorge Jesus.

A partir daí o nível desceu ainda mais. Bruno de Carvalho comparou João Gabriel a Mr. Burns, uma personagem pouco simpática da série de animação ‘The Simpsons’, e prometeu uma guerra ao Benfica. João Gabriel, em resposta, classificou Bruno de Carvalho de «cretino». Assim vai o futebol português.

Os nossos dirigentes – nem todos felizmente – ainda não perceberam que ocupam cargos com enormes responsabilidades e que representam marcas de prestígio que dispensam bem polémicas e 'garotices' deste género. Quando o exemplo que dão é este, é caso para dizer que muito bem se têm comportado os adeptos nos estádios de futebol. É inconcebível que se continue a agir desta forma, que se continue a denegrir o futebol português e que se contribua para um constante clima de guerrilha. Bem podem fazer estágios de pré-temporada fora de portas, com o intuito de promover o clube e potenciar a marca que representam. Com atitudes e declarações destas não há imagem, nem reputação que sobreviva.

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Os dirigentes portugueses não conseguem entender que, num mundo globalizado em que o que é dito cá é sabido poucas horas depois na China ou nos Estados Unidos, a comunicação é essencial para o sucesso. O futebol vive de competição, mas não precisa de casos e de provocações gratuitas.

A forma como os adeptos reagem a estes tipos de declarações mudou. Há 20 ou 30 anos, acredito que a grande maioria ficaria contente com este tipo de 'bocas'. Afinal foi com declarações do género que o FC Porto – aliado a uma cultura de vitória – conseguiu construir a sua identidade de clube vencedor. Pinto da Costa era o mestre, mas até ele tem moderado, ao longo dos últimos anos, as provocações aos rivais.

Hoje, um adepto – nem todos, infelizmente há quem ainda goste desse tipo de polémicas - está mais preocupado com o que se passa dentro das quatro linhas e com a viabilidade financeira do clube que apoia. Os tempos mudaram. Os dirigentes têm a obrigação de entender isso de uma vez por todas. É óbvio que não se espera que todos virem 'santos'. É natural que em competição a comunicação também seja usada para provocar o adversário. Não vejo é como chamar cretino ou comparar alguém a uma animação televisiva pode ajudar na hora de se tentar vencer o rival. Os próprios patrocinadores não gostam desse tipo de publicidade.

Já o povo diz que se temos duas orelhas e uma boca é porque devemos ouvir mais do que aquilo que falamos. Um bom adágio e que deveria ser aplicado por alguns dirigentes. Em vez de reagirem a quente, transformando-se em adeptos de bancada ou de café, deveriam pensar duas vezes antes de falarem e sobretudo deveriam pensar melhor sobre o conteúdo das suas declarações.

A comunicação social tem também aqui um papel fundamental. Tem a obrigação de dar mais a voz a quem interessa de facto: os jogadores e os treinadores. Em Portugal, os dirigentes têm demasiado tempo de antena! Muitas vezes assistimos a conferências de imprensa em que as perguntas efetuadas se prendem mais com a procura da polémica ou do ‘soundbite’. O futebol, as táticas, os sistemas de jogo ou a liderança de uma equipa são os temas que deveriam ser abordados, mas que frequentemente ficam para segundo plano. É tempo de todos serem mais profissionais, para o bem do futebol português.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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