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A entrevista de Pinto da Costa ou o novo ciclo do FC Porto

«Na próxima época os jogadores do FC Porto terão de ter qualidade, mas, mais que tudo, caráter». Esta frase resume muito do que foi a entrevista de Jorge Nuno Pinto da Costa, na passada quinta-feira, ao Porto Canal. O presidente do FC Porto não fugiu às críticas dos adeptos e assumiu que o atual momento dos azuis e brancos é difícil e que muito terá de mudar na próxima época.

A entrevista de Pinto da Costa ou o novo ciclo do FC Porto

Confesso que há muito que não via o presidente portista tão vivo e cheio de energia. Ao longo da entrevista, de cerca de uma hora, Pinto da Costa não fugiu a nenhum tema. Dos recentes desaires dos azuis e brancos à contratação de Lopetegui passando pela crítica dos adeptos à direção portista que acusam de ganhar dinheiro com as contratações de certos jogadores de qualidade duvidosa, Pinto da Costa foi sempre muito claro e contundente nas suas explicações.

Podemos retirar algumas conclusões das palavras de Pinto da Costa:

1- O líder dos dragões está vivo e não se esconde. Pinto da Costa mostrou estar muito agastado com tudo o que se tem passado no clube e assumiu a inteira responsabilidade pelo mau momento da equipa, um momento menos bom que dura já há cerca de três anos. O presidente dos azuis e brancos assumiu mesmo que a derrota frente ao Tondela por 1-0, em casa, na última jornada do campeonato, foi um dia para esquecer.

«Foi o dia em que mais me senti envergonhado de uma exibição do FC Porto!». Pinto da Costa admitiu ainda ter dado poderes a mais a Lopetegui e que os dragões «bateram no fundo!». Frases fortes que não deixam a nação portista indiferente e que demonstram que o principal líder percebe a realidade do clube e não foge às suas responsabilidades.

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2- As grandes lideranças são feitas de frontalidade, mas são sobretudo construídas baseadas em realismo. Pinto da Costa demonstrou estar perfeitamente consciente do mau momento do clube. A ‘radiografia’ dos problemas parece estar feita e o presidente do FC Porto deixou duas ideias essenciais na entrevista a Júlio Magalhães.

Primeiro, Pinto da Costa reconheceu que se tentou afastar das tomadas de decisões no clube. Uma estratégia que pretendia, provavelmente, levar uma passagem de testemunho já que o presidente portista não vai para novo. Algo terá falhado já que o líder portista reconheceu que se viu obrigado a recandidatar-se para «voltar a pôr as coisas em ordem porque muito não estava bem».

A segunda ideia importante é que muita coisa irá mudar a nível desportivo no FC Porto na próxima época. O presidente dos dragões utilizou – e deixou bem vincada a ideia – muitas vezes a palavra «caráter» para explicar o que esperava dos jogadores para a próxima temporada. Pinto da Costa deu mesmo a época por perdida – independentemente do FCP vencer a Taça de Portugal ou não – e terá avisado que os seis jogos que faltam para o desfecho do campeonato, bem como a próxima pré-época, vão servir para demonstrar quem merece vestir a camisola portista na próxima temporada.

Um aviso forte feito com alguma energia e que deixa entender que o comportamento pouco combativo de alguns jogadores que se tem registado ao longo das duas últimas épocas não se irá repetir. Pinto da Costa dá assim, indiretamente, razão aos críticos que acusam a equipa de não sentir os valores do clube. Pinto da Costa prometeu mesmo aos adeptos uma equipa a «jogar à Porto» na próxima época.

Em resumo, Pinto da Costa deu uma das melhores entrevistas dos últimos tempos. O líder dos azuis e brancos mostrou estar com energia para um novo mandato e com o espírito de luta que sempre o caracterizou ao longo da sua presidência. É óbvio que as palavras só têm significado se as ações as acompanharem. A nação portista espera para ver cumpridas as promessas de Pinto da Costa, mas uma coisa é certa, a melhor forma de emendar os erros é, antes de mais, reconhecê-los e nisso Pinto da Costa não fugiu a nenhuma responsabilidade, assumindo o mau momento do clube que preside há mais de 30 anos.

O FC Porto não terá vida fácil porque os seus principais rivais, Benfica e Sporting, estão mais competitivos do que nunca e não irão deixar os azuis e brancos ocuparem, facilmente, o lugar de destaque que tiveram nas últimas duas décadas. Este mandato de Pinto da Costa promete ser dos mais duros da sua já longa presidência, mas também um dos mais desafiantes. Só o futuro irá dizer se o presidente portista tem ainda a força necessária para recolocar o FC Porto no patamar a que os adeptos se habituaram.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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