Crónica: Portugal 'zangou-se' com os golos e continua sem vencer no Euro

No Parque dos Príncipes, em Paris, a seleção nacional subiu muito de produção em relação ao encontro com a Islândia, mas, tal como tinha acontecido na estreia, mostrou uma alarmante falta de pontaria na altura de atirar à baliza. Ao todo, foram 23 remates, sendo que apenas seis tiveram a direção certa.

Portugal acertou por duas vezes nos postes da baliza do austríaco Almer, primeiro por Nani e depois no tal penalti falhado de Ronaldo, aos 79 minutos, e viu o guardião rival protagonizar uma mão cheia de boas intervenções.

Tal como tinha acontecido em Saint-Étienne, a seleção lusa teve todas as condições para vencer (e por números até expressivos), mas não o fez por culpa própria e desta vez também por alguma infelicidade.

Portugal elevou bastante o seu nível exibicional, introduzindo mais intensidade no jogo, sobretudo na segunda parte, muito por culpa da inclusão de William Carvalho e Ricardo Quaresma no ‘onze', frente a um Áustria algo frágil e com grande limitações, principalmente a nível técnico.

Com a igualdade entre Islândia e Hungria (1-1), e mesmo sem ter qualquer vitória, Portugal vai chegar à última jornada na luta pelo apuramento e também pelo primeiro lugar do Grupo F. A formação lusa defronta os húngaros na próxima quarta-feira, em Lyon.

Para o 11.º duelo da história a Áustria, o selecionador Fernando Santos colocou na equipa titular William e Quaresma, nos lugares de Danilo e João Mário, respetivamente, dando maior rapidez nas transições ofensivas e também mais criatividade.

O médio do Sporting foi mesmo umas das melhores unidades em campo, tendo ao lado João Moutinho que, mesmo longe da melhor forma, continuou a ser aposta de Fernando Santos. A defesa manteve-se inalterada, com o selecionador a dar nova oportunidade a Vieirinha, que desta vez correspondeu bem, tendo mesmo impedido o golo da Áustria num lance em cima do intervalo.

Harnik até podia ter marcado para os austríacos, logo aos três minutos, mas Portugal criou situações mais do que suficientes para regressar aos balneários em vantagem.

Depois de já ter obrigado Almer a grande defesa, Nani acertou no poste, aos 29 minutos, e Ronaldo também podia ter batido o guardião rival, aos 22 e 38.

Nessa primeira situação, o ‘capitão’ português apareceu completamente solto no coração da grande área, mas acabou por atirar ao lado, depois de excelente jogada de combinação entre Raphael Guerreiro (outra exibição muito boa do lateral esquerdo) e Nani.

A segunda parte começou com Rui Patrício a defender um belo remate de Ilsanker, mas o filme na meia hora seria protagonizado apenas por Portugal e pelos seus jogadores.

A formação das ‘quinas' aumentou a intensidade do jogo, remeteu a Áustria ao seu meio campo, com William Carvalho quase perfeito primeiro a ‘destruir' e depois a lançar o ataque, e voltou a estar bem perto do golo, em mais que uma ocasião.

Aos 55 minutos, Almer ficou com as luvas a arder depois de grande pontapé de Ronaldo de fora da área e, na jogada seguinte, voltou a impedir o avançado, que cabeceou solto na aérea.

O alto ritmo do jogo de Portugal acabou por fazer uma primeira vítima, aos 71 minutos, com Quaresma a sair esgotado, dando lugar a João Mário, mas também Moutinho e André Gomes começaram mostras de grande défice físico.

Aos 79 minutos, acabou por acontecer o lance do jogo, com Ronaldo a ser agarrado compulsivamente por Hinteregger dentro da área. Na marcação da grande penalidade, no dia em que se tornou no mais internacional de sempre (128 jogos), o ‘capitão’ acertou no poste direito.

A infelicidade portuguesa acabou por dar algum ânimo à Áustria, que tentou aproveitar o cansaço de seu adversário para ganhar alguns metros e chegar à área de Patrício, mas sempre sem capacidade para incomodar o guarda-redes luso.

Fernando Santos ainda lançou Éder para o lugar de André Gomes, aos 83 minutos, e Rafa para a posição de Nani, aos 89, substituições que acabaram por surgir tardias e que não tiveram qualquer impacto na partida.