Bloco de Notas: A importância crescente dos defesas na manobra ofensiva

Se este fosse um caso isolado não mereceria análise. A verdade é que Ivanovic, Thiago Silva, David Luiz e Gary Cahill não parecem ser os únicos defesas que sabem marcar golos com regularidade. No futebol moderno, a contribuição ofensiva dos membros com papéis tendencialmente mais recuados no terreno parece ser cada vez mais preponderante.

Desde sempre que a estatura dos defesas foi um importante fator nos lances de bola parada, naqueles momentos em que as 'torres' eram convidadas a subir à área adversária. Hoje, esta tendência claramente tradicional parece estar a ser substituída por um papel mais ativo das unidades defensivas na manobra atacante contínua das suas equipas.
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Laterais modernos, como Daniel Alves e Ivanovic, aparecem muitas vezes nas alas mais ofensivas do terreno, desempenhando funções de extremos. Defesas-centrais como David Luiz e Thiago Silva são bastante competentes com os pés e sabem sair a jogar, rematar e até marcar bolas paradas, contrariando a ideia ultrapassada de que um defesa precisa é de cumprir nas alturas, aliviando sob pressão para não comprometer.

Se um trinco já tem que ser há alguns anos um verdadeiro 'box to box', destruindo mas também construindo, um defesa precisa de ser cada vez mais competente no passe e com a bola controlada, exigindo-se rapidez, controlo do esférico sob pressão, remate e finalização. David Luiz e Thiago Silva marcaram de cabeça, já Cahill e Ivanovic foram oportunos com os pés.

Marcelo (Real Madrid), Danilo (FC Porto), Boateng e Badstuber (Bayern Munique) foram os outros defesas a faturar até ao momento nos oitavos-de-final da Champions League, uma prova que nos mostra o melhor futebol, praticado pelas melhores equipas, com as melhores estratégias e as mais recentes filosofias de jogo.

Neste contexto, parece cada vez mais claro que os defesas precisam de ser competentes também na fase do jogo mais ofensiva, aproveitando as marcações mais cerradas ou a desinspiração dos seus avançados para marcar e oferecer preciosas vitórias às equipas que representam. Da mesma forma, parecem estar a entrar em desuso aqueles avançados que ficam a ver jogar do meio-campo para trás. Hoje em dia, também os elementos mais concretizadores têm de ajudar na manobra defensiva, sob pena de a sua equipa ficar desequilibrada.

A tendência do futebol parece caminhar para uma uniformização de funções, muito à semelhança daquilo que acontece no futsal, modalidade onde todos os membros de uma equipa precisam de defender e atacar em simultâneo. Modalidade onde uma falha de marcação significa um golo sofrido em grande parte dos casos. Ou onde um remate fulminante raramente não dá golo.

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