loading

Uma Europa sem ingleses em março: E agora?

19 de março. O Everton era o último resistente da Premier League nas competições europeias. A vitória caseira frente ao Dínamo Kiev (2-1), uma semana antes, augurava uma visita bem sucedida à Ucrânia. Contudo, a equipa de Antunes e Miguel Veloso goleou (5-2), eliminando os 'toffees'.

Uma Europa sem ingleses em março: E agora?

Os quartos-de-final, tanto da Champions League como da Liga Europa foram fatais para as equipas inglesas. O Arsenal ganhou no terreno do Mónaco (0-2), mas pagou muito caro a ousadia de subestimar os franceses em Londres (1-3). O Chelsea havia empatado em Paris (1-1) e voltou a empatar em Stamford Bridge (2-2), mas o PSG beneficiou da regra dos golos marcados fora. Sem argumentos frente ao Barcelona (1-2; 1-0), o Manchester City também ficou pelo caminho nesta fase.

Na Liga Europa, o Everton já era o único em prova, após Liverpool e Tottenham não terem passado dos 16-avos-de-final. Os primeiros caíram aos pés dos turcos do Besiktas e os segundos não foram capazes de superar a Fiorentina.

Mas, então, o que pode explicar este desaparecimento brusco das equipas inglesas, que investem milhões de libras em contratações num campeonato que move milhares de milhões de libras todas as temporadas?

Analisando a Liga Europa, o fator financeiro pode ser uma explicação bastante credível. Num campeonato onde a distribuição das receitas é bastante homogénea e onde a competitividade é absolutamente alucinante, torna-se compreensível que alguns participantes ingleses da segunda liga do futebol europeu possam priorizar as lides internas. Os cinco milhões de euros amealhados pelo vencedor da Liga Europa não serão suficientes para aguçar o apetite de clubes que participam numa liga que movimenta anualmente cerca de 2,5 mil milhões de euros só em salários.

Contudo, este argumento já não colherá tantos frutos se analisarmos a desastrosa participação das equipas inglesas na Champions League. Aqui, as receitas são realmente milionárias e uma participação perfeita pode render à equipa vencedora qualquer coisa como 37,4 milhões de euros.

Após ter sido eliminado pelo Mónaco, Arsène Wenger voltou a frisar que as equipas inglesas sentem muita dificuldade nesta fase da temporada. O técnico francês considera que o calendário de dezembro e janeiro, com jogos separados por apenas três dias, desgasta em demasia os jogadores. Se, na Alemanha, o inverno pára o campeonato durante um mês, em Espanha e em França existem curtas paragens festivas e os jogos não se sucedem separados por tão pouco tempo.

Contudo, apesar de este argumento ser compreensível, não seria expectável que os plantéis de luxo ao dispor de Man City, Chelsea, Arsenal e Liverpool fossem suficientes para existir mais rotação nesta ou noutras fases da época? Claro que sim. O problema é que, mais do que nunca, a diferença entre equipa latinas e germânicas parece ter-se esfumado, com as primeiras a ganharem terreno às segundas.

E, aqui, a competitividade das ligas internas será preponderante. Dos oito participantes na próxima fase da Champions League, apenas o Bayern Munique não provém de um país latino. Barcelona, Real Madrid e Atlético Madrid representam um campeonato pouco competitivo após a frente da tabela, a Juventus já tem o tetracampeonato praticamente assegurado, o FC Porto vai lutando contra o Benfica pelo título numa liga desniveladíssima e o PSG já lidera na França, como fez nos últimos anos. O Mónaco será, neste momento, a única equipa que não assume uma posição de destaque no seu campeonato.

Desde 2000, apenas Liverpool (2004-2005), Manchester United (2007-2008) e Chelsea (2011-2012) conquistaram a Champions League. Na década de 90, em 1998-1999, apenas o Manchester United de Alex Ferguson conseguiu tal proeza. Ou seja, nos últimos 25 anos, a Premier League só conquistou a Europa em quatro ocasiões. Não é uma tendência recente e pode ser a prova maior de que o verdadeiro motivo deste apagão seja explicado pelo calendário interno excessivamente ocupado.

Se as coisas forem assim interpretadas no país de Sua Majestade, a Federação Inglesa de Futebol terá que tomar uma opção nada fácil. Ou privilegia a tradição e continua a apostar na magia do Boxing Day e de uma época natalícia super-ocupada ou, em alternativa, começa a adequar o calendário interno às exigências das competições europeias. Como? Desocupando dezembro e janeiro ou terminando com a repetição das eliminatórias da Taça de Inglaterra em caso de empate.

Endereço Eletrónico: [email protected]

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Futebol365 365
13-03-2024 · 13:40

FC Porto: O lapso de Picasso

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Quem será o próximo presidente FC Porto?