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Bloco de Notas: Um Manchester United ainda em construção

Quase dois anos depois, a sucessão de Alex Ferguson continua a ser uma tarefa por cumprir. Sobretudo porque ainda não se percebeu que rumo o Manchester United vai tomar. Para já, há apenas alguma evolução em relação à época passada, mas não a suficiente para recolocar os 'red devils' na rota do título.

Bloco de Notas: Um Manchester United ainda em construção

Não é fácil suceder a lideranças fortes, sobretudo a uma que construiu uma grandeza e uma riqueza ímpares. Por isso, a sucessão de Alex Ferguson tem sido uma espécie de 13.º trabalho de Hércules.

Moyes falhou claramente. Louis Van Gaal tarda em superar o desafio. Há melhorias, mas não chegam. Muitos milhões foram gastos e o United continua a não ser uma grande equipa. Tem excelentes executantes, um treinador de elevado prestígio, mas falta-lhe o resto. Precisamente aquilo que faz a diferença na corrida aos títulos e resiste à passagem dos muitos jogos de uma época desportiva: uma ideia partilhada sobre o que se é e o que se quer ser.

Há dois aspetos que não ajudam à perceção de um rumo, estando ambos intrinsecamente relacionados: a construção do plantel do clube e as mudanças de sistema de jogo. Os dois representam inconstância.

A contratação de jogadores como Di Maria ou Falcao (ou Mata, na época anterior) seria um motivo de grande contentamento para qualquer clube. De facto, todos eles são futebolistas de grande talento. E todos implicaram um avultado investimento. Portanto, seria expectável que quem os contratou soubesse como enquadrá-los num jogar necessariamente coletivo. Mas no atual Manchester United isso não se verifica.

Falcao é um suplente de luxo, mais pela reputação do que pela utilidade. Di Maria tarda em encontrar o seu lugar e o futebol adequado, seja como médio seja como extremo. Mata está longe de ser uma referência indiscutível na equipa, como foi no Chelsea pré-Mourinho. Parece que ninguém sabe o que fazer com eles. Pior ainda, parece que ninguém sabe ao certo para que foram contratados.

Esta indefinição sobre o que fazer a tantos talentos reflete-se na própria inconstância do sistema tático do Manchester United. Louis Van Gaal começou por implementar o 3-5-2 que lhe tinha garantido um bom Mundial, ao serviço da Holanda. Os maus resultados falaram mais alto e o técnico holandês mudou para um muito mais habitual 4-4-2, sistema que ganhou raízes em Old Trafford. Contudo, no início de 2015, Van Gaal voltou a tentar o esquema de três defesas, para poucos jogos depois regressar ao clássico 4-4-2. A lesão de Van Persie veio forçar uma nova mudança de planos, desta vez para uma espécie de 4-2-3-1. Sem querer valorizar em demasia o sistema, já que não equivale a todo o modelo de jogo, estas mudanças mostram uma equipa ainda à procura de uma identidade e dos executantes certos para a fazer funcionar. Tal como as marcas, uma equipa de futebol precisa de ser trabalhada no sentido de um todo coerente.

PS: Radamel Falcao não tem escondido a insatisfação pela utilização inconstante que está a ter no Manchester United e já assumiu que no próximo ano jogará num outro clube. Aos 29 anos, um dos melhores pontas de lança do Mundo ainda só jogou uma edição da Liga dos Campeões, pelo FC Porto, em 2009-2010. Falcao é um dos mais perfeitos exemplos de uma gestão de carreira duvidosa, capaz de menorizar as suas qualidades no futuro, quando estas estiverem dependentes da memória.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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