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Newcastle United: A falta de rumo de um clube com cofres cheios

Na passada terça-feira, Fabricio Coloccini escreveu uma carta aberta aos adeptos do Newcastle United, atual 15.º classificado da Premier League. O experiente central argentino, capitão dos 'magppies', começou o texto com um primeiro parágrafo muito sincero. Essa entrada reforçou significativamente o peso simbólico do ato de comunicação: pela raridade do gesto, pela singularidade das palavras, pela precariedade do momento. De facto, a três jornadas do fim, a formação do Norte de Inglaterra está apenas dois pontos acima da linha de água.

Newcastle United: A falta de rumo de um clube com cofres cheios

«Normalmente não falo em público, mas hoje senti a necessidade de me dirigir a todos vocês por um conjunto de razões nas quais estão tão envolvidos como os jogadores, staff, diretores e qualquer trabalhador do clube», escreveu o atleta, no início da carta.

Fabricio Coloccini pretendeu pedir o apoio dos adeptos para os três confrontos decisivos. Fê-lo devido à grande contestação que tem envolvido a equipa. Após oito derrotas consecutivas na Liga Inglesa, o fantasma da despromoção voltou a assombrar St. James Park.

Um dos grandes combustíveis da preocupação dos apoiantes tem sido os conflitos internos na organização. A título de exemplo, se o treinador acusa publicamente um jogador de ter sido expulso propositadamente, como é que os adeptos podem acreditar no compromisso do grupo de trabalho para com o clube? Assim sendo, o capitão assumiu (e bem) dar a cara pelo grupo e comunicou diretamente com os adeptos. Como já mostrámos várias vezes no nosso blogue, os momentos críticos tendem a gerar alguns bons momentos de comunicação. Só é pena que não tenham continuidade. E se o futebolista esteve bem, o mesmo não se pode dizer do clube: enquanto organização, o Newcastle não fez nada para chegar ao coração de quem o suporta.

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Esta crise do Newcastle é uma crise de resultados, mas uma crise que tem na antecâmara razões mais profundas. A verdadeira crise é a de falta de rumo desportivo. No fundo, os 'magppies' são um clube de futebol sem projeto de futebol. São uma organização gerida genericamente. Até apresentam resultados financeiros interessantes, mas parecem ignorar aquilo que está no centro do seu negócio, ou seja, o desporto.

Em meados de Abril foi revelado que o clube lucrou mais de 18 milhões de libras no ano anterior. Para além disto, contava com uma almofada de 34 milhões de libras no banco. Quando estes dados vieram a público (a notícia do Guardian é do dia 15 desse mês), o clube ia na sua quinta derrota seguida. Para além disto, cerca de um mês antes, Mike Ashley, dono do Newcastle United e um dos homens mais ricos do Reino Unido, tinha admitido que devia ter investido mais em jogadores. Os adeptos, compreensivelmente, não tardaram a protestar contra a falta de ambição demonstrada pela gestão da organização.

O Newcastle é um clube com um tamanho considerável, mas não se apresenta com objetivos consonantes com essa grandeza. Por exemplo, não se propõe abertamente a atingir as competições europeias ou um lugar respeitável na Premier League. A grandeza construída não tem eco no quotidiano. A contratação de jogadores e treinadores também não indicia qualquer objetivo relevante. Há apenas sobressaltos e tentar fazer o melhor que o momento permitir. Atualmente, como tem sido hábito, o melhor a fazer é conseguir a permanência no primeiro escalão do futebol inglês.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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