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De "rei" de Goa a novo "príncipe" da seleção feminina

Em Goa, Francisco Neto fez o (quase) impossível, quando levou a equipa indiana à medalha de ouro nos Jogos da Lusofonia, e, agora, foi o escolhido para colocar a seleção portuguesa feminina numa fase final de uma grande competição.

De "rei" de Goa a novo "príncipe" da seleção feminina

Naquele que diz ser o início de um novo e ambicioso ciclo do futebol feminino no país, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) entregou a liderança da seleção a um jovem técnico de Viseu que, no passado, já tinha sido treinador de guarda-redes das "senhoras", e que, apesar de ser praticamente desconhecido em Portugal, já ganhou o estatuto de "herói" noutro continente.

Através de um protocolo universitário, Neto viajou para a Índia, onde ficou responsável por comandar a seleção do estado de Goa nos Jogos da Lusofonia, uma competição em que esta equipa tinha sofrido 18 golos e marcado apenas dois na última edição.

"Com o desenrolar das partidas, os jogadores começaram a ter mais vontade, mais confiança, mais querer e sobretudo começaram a acreditar que não eram diferentes dos outros", recordou o treinador à agência Lusa.

Depois de um triunfo sobre Moçambique na final, Goa alcançou o ouro, um feito que levou mais de cinco mil pessoas a festejar nas ruas da capital Pangim.

De regresso a casa, Francisco Neto foi confrontado com a hipótese de voltar à principal seleção feminina, mas agora como treinador principal, um convite que "não podia recusar".

"É uma honra e privilégio estar na seleção, um espaço de excelência. Nem toda a gente consegue cá estar e eu com 32 anos recebi este convite que tanto me orgulha", referiu o novo selecionador, que adquiriu a sua paixão pelo futebol quando, com apenas seis anos, começou a auxiliar o pai, também treinador, no Mortágua Futebol Clube.

Agora, Francisco Neto, que durante a adolescência também tentou a sorte nos relvados como defesa central, quer ser o primeiro treinador a colocar Portugal numa fase final de uma grande competição internacional, embora tenha consciência que será fácil.

"Não vou esconder que é um sonho. As equipas de sub-17 e sub-19 já lá estiveram. Temos fazer jogos competitivos para fazer crescer as jogadoras. Só a lutar contra as adversidades é que se consegue crescer e a curto, médio prazo acho que podemos alcançar esse feito", considerou o técnico à Lusa, depois de ter orientado mais um treino em Lagoa, onde a equipa lusa prepara os jogos da Algarve Cup.

No futuro, o novo selecionador pretende mesmo ver Portugal a fazer "boa figura" frente às grandes equipas mundiais como os Estados Unidos, Japão ou Alemanha.

"Queremos jogar contra esses países, não temos medo. Sabemos que são jogos muito difíceis e espero que a médio prazo consigamos estar em bom nível e fazer boas exibições", confessou.

Durante os treinos, o técnico já demonstra alguma cumplicidade com as jogadoras da seleção nacional, juntando momentos de boa disposição e descontração ao aquecimento, mas a "brincadeira" termina logo mal a bola começa a rolar. A partir daí, Neto tenta corrigir todos os pormenores da sua equipa, com interrupções e palestras constantes.

Nos jogos não é diferente. Por exemplo, perante a Áustria, o selecionador sentou-se no banco de suplentes apenas duas vezes durante todo o encontro e só descansou a voz durante uns segundo quando Portugal colocou-se a vencer por 2-0.

"Gosto de estar no jogo, gosto que as jogadoras sintam que estou dentro de campo com elas. Há gente que não concorda, mas é o meu estilo, sempre fui assim", explicou.

Para já soma um triunfo sobre a Áustria, por 3-2, mas foi derrotado pela Rússia, por 3-1, na Algarve Cup.

"É uma pessoa muito próxima das jogadoras, já tive oportunidade de trabalhar com ele antes e sei que é um grande treinador", disse a capitão Cláudia Neto à agência Lusa.

A sua passagem pela seleção entre 2008 e 2010 e o conhecimento que tem do futebol feminino acabou por ser um fator decisivo para ser convidado para o cargo.

"Conhece alguma atletas muito bem já tem cumplicidade com algumas. Percebe também a ligação emocional que existe entre as atletas e treinadores no futebol feminino. Por isso tinha o perfil indicado e até agora está a resultar muito bem”, explicou Mónica Jorge, antiga selecionadora e atual diretora da FPF, à Lusa.

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