Duas décadas depois de ter impedido uma “super” Hungria de vencer o Mundial de 1954, a República Federal Alemã (RFA) fez o mesmo à Holanda, ao futebol total da “laranja mecânica”, chegando ao “bis” em casa.
Com "estrelas" como Cruyff, Rensenbrink, Rep, Neeskens, Haan e Krol, o "onze" de Rinus Michels encantou, até esbarrar no futebol força dos germânicos, a exemplo do que tinha sucedido 20 anos antes a uma extraordinária seleção magiar.
O primeiro Mundial da "era Taça do Mundo" foi, assim, para os alemães, que selaram o quarto sucesso anfitrião, repetindo os feitos de Uruguai (1930), Itália (1934) e Inglaterra (1966), sob o comando do “kaiser” Franz Beckenbauer, o "capitão" e "patrão" de uma formação prática e eficaz.
Destaque ainda para o guarda-redes Sepp Maier, o médio Paul Breitner e o avançado Gerd Müller, que apontou quatro tentos – passou a ser o melhor marcador da história dos Mundiais, com 14, sendo ultrapassado apenas em 2006, pelo brasileiro Ronaldo -, entre eles o que selou o título.
Na final, em Munique, a Holanda começou praticamente a ganhar, graças a uma grande penalidade concretizada por Neeskens, logo aos dois minutos, mas Breitner, também de penálti, aos 25, e Müller, aos 43, viraram o jogo ainda na primeira parte.
No segundo tempo, os comandados de Michels tentaram tudo para inverter o resultado, mas a RFA controlou o "mestre" Johan Cruyff e a vantagem, deixando de "mãos vazias" uma seleção que entrou para a história pelo seu futebol total.
Até à final, a Holanda tinha feito um trajeto quase perfeito, com cinco vitórias (2-0 ao Uruguai, 4-1 à Bulgária, 4-0 à Argentina, 2-0 à RDA e 2-0 ao Brasil) e um empate (0-0 com a Suécia).
Por seu lado, a RFA somou cinco triunfos (1-0 ao Chile, 3-0 à Austrália, 2-0 à Jugoslávia, 4-2 à Suécia e 1-0 à Polónia) e um humilhante desaire perante a vizinha e estreante RDA (0-1), que “obrigou” Beckenbauer a ler um comunicado na televisão.
Com esta derrota, os alemães ocidentais tornaram-se os segundos campeões do Mundo a acabarem a prova sem o estatuto de invictos, igualando o "feito" de 1954... da RFA, então goleada por 8-3 pela Hungria, da qual se vingaria na final (3-2).
Numa prova dominada pelos europeus, que colocaram seis equipas - em oito - na segunda fase, o campeão em título Brasil foi a melhor dos "forasteiros", no quarto posto, depois de uma derrota com a Polónia no jogo do "bronze".
Os polacos foram, por seu lado, uma das surpresas, conseguindo o terceiro posto, à custa do guarda-redes Tomaszewski, de Zmuda, Deyna, Szarmach e, sobretudo, Grzegorz Lato, o melhor marcador da prova, com sete golos.
Lato foi, ainda assim, uma exceção no que respeita a inspiração goleadora, uma vez que a 10.ª edição do Mundial apenas registou 97 tentos, em 38 jogos, o que deu origem à, então, pior média de sempre (2,55).
No que respeita ao formato, a competição sofreu uma mudança significativa: a primeira fase manteve-se com quatro grupos de quatro equipas, mas, depois, não se seguiram jogos a eliminar, mas dois grupos de quatro equipas, com os vencedores a rumarem diretamente à final e os segundos ao jogo de "consolação".
A prova foi vista por mais de 1,7 milhões de espetadores e disputou-se de 13 de junho a 07 de julho, em Dusseldorf, Frankfurt, Gelsenkirchen, Munique, Estugarda, Dortmund, Hanover, Berlim e Hamburgo, com quatro estreantes (Áustria, RDA, Haiti e Zaire).