O Ermesinde, clube que milita na Divisão Distrital de futebol, corre o risco de ser "despejado" do estádio onde joga, preparando-se para pedir à câmara de Valongo auxílio urgente no processo judicial em curso, disse hoje fonte do emblema.
Em causa está o Estádio dos Sonhos, local onde joga e treina semanalmente. O terreno pertence à empresa IMOSÁ, depois de um dos proprietários desta imobiliária o ter adquirido numa hasta pública realizada pelo então Ermesinde Sport Clube. A clarificação do processo arrasta-se desde a década de 90, o mesmo que avançou agora com uma ação de reivindicação de propriedade que na prática resulta na saída do Ermesinde do espaço.
Entretanto a instituição Ermesinde Sport Clube deu lugar, a meio do ano passado, a uma nova, o Ermesinde Sport Clube (ESC) 1936 que, de acordo com o presidente da assembleia geral, Rui Almeida, "apenas avançou" com "um novo projeto desportivo" por ter "perspetiva de que o processo iria resolver-se".
"O clube começou a desenvolver-se com a premissa de que tudo ficaria resolvido e passaria a utilizar legitimamente as instalações que seriam municipais", disse Rui Almeida à Lusa, acrescentando que são mais de 250 atletas e crianças que "estão em risco".
O dirigente desportivo refere-se às negociações que foram desencadeadas pelo anterior executivo da câmara que até às autárquicas de setembro de 2013 era liderado pelo social-democrata João Paulo Baltazar e continuadas em moldes diferentes pela atual liderança socialista de José Manuel Ribeiro.
Uma primeira proposta feita à IMOSÁ, pelo executivo anterior, envolvia a permuta do Estádio dos Sonhos pelo complexo desportivo Montes da Costa, também localizado em Ermesinde, e o pagamento de 300 mil euros. A nova gestão camarária recuou nesta ideia, tendo proposto a permuta por dois terrenos localizados no centro de Valongo e o mesmo valor em dinheiro.
José Manuel Ribeiro explica a troca por considerar que o município não pode abdicar do Montes da Costa, realçando que a nova proposta é "vantajosa para o privado, pois os terrenos têm um valor próximo de um milhão de euros".
Por sua vez o advogado da empresa, Pedro Marinho Falcão, explicou que "o Ermesinde não tem nenhuma legitimidade para utilizar aquele espaço", detendo-o "contra a lei".
Segundo o advogado, a IMOSÁ considera "esgotadas" as negociações com a câmara que, por sua vez, diz "não perceber" esta decisão face ao valor da nova proposta e pelo facto de "estar em causa o interesse público e desportivo da cidade de Ermesinde".
Face à ação que deu entrada no Tribunal Cível do Porto, de acordo com o Portal Citius a 22 de setembro, o clube vai avançar com um "pedido formal" à autarquia para que esta constitua os seus serviços jurídicos como "mandatários" do emblema e assuma "o patrocínio jurídico" do processo.
"A nossa ânsia é que a câmara auxilie o clube. O fim do Estádio dos Sonhos significa provavelmente o fim da coletividade", disse Rui Almeida.
Confrontado com este pedido, José Manuel Ribeiro avançou que "no que for possível e legal" vai auxiliar o ESC 1938, convicto de que assim está "a defender o desporto".
O autarca vincou estar "revoltado" com uma "situação vergonhosa" que começou "há uns anos" quando por "má gestão se perdeu a propriedade".
O Ermesinde foi campeão distrital no ano passado, pelo que subiu da II à I Divisão Distrital à I Distrital, estando neste momento bem classificado, o que, a manter-se, poderá representar nova subida de Divisão.