Euro-2016: Paredes em festa com a vitória de Portugal

No denominado ‘estádio da Praça José Guilherme’, o cabeceamento certeiro de Ricardo Quaresma, nos minutos finais do prolongamento diante da Croácia, despertou de vez as pessoas que ali acorreram em grande número, num final de jogo muito sofrido. Para quase todos.

“Vou-lhe ser sincero, estava tranquilo, porque nunca acreditei que (Portugal) ia perder hoje. Foi o jogo mais consistente e o melhor até ao momento e, pelo golo que marcou, Quaresma foi a figura", disse Artur Jorge à agência Lusa.

Para este português de Lordelo, no concelho de Paredes, "Portugal tem agora, como nunca teve, hipóteses de ir longe na competição", sem deixar de dizer que "gostava de ver o treinador apostar mais no Rafa".

As opções do selecionador Fernando Santos para o ‘onze', com quatro alterações comparativamente ao último encontro (3-3 diante da Hungria), a começar em Raphael Guerreiro, Cédric e José Fonte na defesa, os dois últimos estreantes na competição, à semelhança de Adrien no meio campo, foram bem recebidas pela maioria dos treinadores de bancada.

“Como é que possível ver esta equipa jogar e as que jogaram até aqui. Porquê este sofrimento”, desabafou Fátima Carvalho, ainda a tentar recompor-se das emoções.

Aníbal Castro, munido de cachecol personalizado no braço, validava antes do jogo as opções para a equipa inicial de Portugal, lembrando que "o Ricardo Carvalho, principalmente pela idade, e o João Moutinho, em função da lesão, deviam de ser substituídos".

Augusto Gil, sportinguista convicto, elogiava "finalmente" a aposta no meio campo do Sporting, com William, Adrien e João Mário, rematando com a ideia de que, “a jogar com esta consistência, Portugal pode sonhar”.

As declarações dos espetadores contrastaram com a forma quase sempre serena como as pessoas assistiram ao primeiro jogo a eliminar de Portugal no Euro2016, de pouco valendo as ações do animador de serviço.

Curiosamente, só as arrancadas de Renato Sanches e, sobretudo, a entrada em campo do ‘harry potter' rivalizaram nos aplausos com o golo luso, anulando a anunciada decisão pelos pontapés da marca de grande penalidade.

"Haja coração", afirmou Benjamim Bambino, sócio fundador da recém-criada "Associação Abraçar Paredes", responsável pela animação dos jogos do Europeu em Paredes e das festas da cidade.

O improvisado estádio, na zona central da cidade, conheceu a maior lotação desde o início da prova, com pessoas de todas as idades, sozinhas ou em grupo, maioritariamente jovens e trajados a rigor. Ainda assim, nada como há quatro anos.

"Este Europeu está muito fraquinho. Há quatro anos, às sete da tarde, até chateava de tanto povo", queixava-se antes do jogo Francisco Lourenço.

Este comerciante de Penafiel fazia contas aos pães com chouriço que ele e a mulher iam levando ao forno a lenha, numa conta que se revelou melhor do que esperava.

"Foi dia de Portugal e, realmente, o negócio correu bem melhor e esta vitória pode também ajudar o negócio", acrescentou esperançado, depois da demorada corrida ao pão com chouriço e às febras e bifanas, das bancas concorrentes, nos intervalos do encontro.

A cerveja foi o acompanhamento mais procurado para quem procurou ‘molhar a palavra', mas, em rigor, as gargantas dos paredenses só se libertaram após o decisivo golo de Quaresma.

Vivas a Portugal e buzinadelas completaram os festejos dos paredenses, no dia em que a seleção lusa garantiu a presença nos ‘quartos' do Europeu de futebol, juntando-se à Polónia, que vai defrontar, na quinta-feira, e ao País de Gales.