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Impunidade e falta de cultura desportiva na base da violência verbal

A impunidade e a falta de cultura desportiva são os principais eixos onde assenta a violência verbal no desporto, esta é a conclusão do colóquio que decorreu hoje no ISCTE, em Lisboa.

Impunidade e falta de cultura desportiva na base da violência verbal

Com dois painéis constituídos, entre outros, pelo ex-árbitro Duarte Gomes, o antigo futebolista António Simões, Luís Carlos, presidente da Torcida Verde (claque do Sporting) e o advogado Rogério Alves, ficou patente a preocupação com o crescimento da violência verbal no desporto, que se nota não só nas bancadas dos recintos desportivos, mas também espelhada e alimentada em programas de televisão da especialidade ou na imprensa desportiva diária. Para todos o único caminho para combater este flagelo passa pela formação e educação.

Rogério Alves lembrou as palavras de Manuel Alegre falando de "overdose diária" do futebol e onde existe a radicalização do amor ao clube e a "clubite" que levam à frequência de ver violência verbal e física nos campos de futebol, criticando mesmo o sistema legal em Portugal.

"As penas curtas são para serem suspensas. A primeira vez suspende-se, à segunda logo se vê? isso é um erro. É uma ideia simpática, mas é um erro. Os tribunais são capazes de punir quem furta cinco litros de leite ou umas carteiras como crime grave. Mas alguém que vê retirada a sua honra e lesada a reputação os tribunais não consideram grave, para além de ter penado três ou quatro anos até chegar a julgamento", disse Rogério Alves.

Perante isto, Duarte Gomes realça que este fenómeno se vê ainda empolado pelas transmissões de todos os jogos de futebol profissional, pelos três jornais desportivos diários, ganhando maior consistência quando regularmente as ações disciplinar serem irrisórias.

"É diferente ser suspenso um jogo e apanhar 280 euros de multa do que ser suspenso oito jogos e 10 mil euros. Se calhar já faria pensar e dissuadir comportamentos futuros", realçou o antigo árbitro internacional, desculpabilizando, de certa forma, os futebolistas que se veem pressionados por ter de marcar golos, não sofrer, terem objetivos de renovação contratual ou de lutar pela titularidade.

"A grande agressão vem do exterior, nomeadamente nos dirigentes e que é alimentada por uma imprensa sequiosa de vender", rematou.

Foi precisamente neste vetor que Rogério Alves, que falava num painel posterior, defendeu a honra enquanto comentador de um programa sobre futebol e como comentador num jornal desportivo.

"Quando estamos a representar um clube na televisão temos a tendência de ir com todas as armas para o combate. Tento ir com educação e ironia, não podemos instigar esta violência", asseverou.

Embora a temática visasse o desporto em geral, a verdade é que nos dois painéis centrou-se quase exclusivamente no futebol. Neste ponto, para Duarte Gomes, a introdução das novas tecnologias entrada das novas tecnologias não irá de forma nenhuma diluir este problema, até porque apenas estarão disponíveis a nível profissional, e a solução passa por fazer um trabalho pedagógico profundo junto dos jovens porque os "adultos de hoje já estão viciados".

"As novas tecnologias vão ajudar o árbitro a tomar decisões melhores. São apenas uma ferramenta de apoio. Existem os campeonatos regionais e os campeonatos jovens a violência é quase semanal. Há insultos verbais, violência a vários níveis entre adeptos, para com treinadores, jogadores, agressões a árbitros e jogadores que são quase semanais. Não haverá aí tecnologia nenhuma que salve uma questão de que é de base, que tem a ver com a formação das pessoas", rematou.

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