Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), mostrou hoje o seu desapontamento com as agressões aos árbitros em Portugal, depois de ter assistido a mais uma este sábado, numa partida de infantis do campeonato distrital de Leiria.
Luciano Gonçalves assistia ao jogo entre o Marinhense e a Maceirinha quando, no final da partida, o pai de um dos jogadores saltou a vedação do campo e dirigiu-se ao árbitro principal.
«O homem agarrou-o pelos colarinhos e apertou-lhe o pescoço. Foram separados por várias pessoas, pais de outras crianças e eu próprio», disse Luciano Gonçalves.
Depois disso, junto aos balneários, o indivíduo tentou nova agressão ao árbitro da Associação de Futebol de Leiria, de 20 anos, acabando por ser o próprio Luciano Gonçalves a chamar a PSP, que identificou o homem.
«O que se passou é altamente lamentável, mas infelizmente tem-se vindo a repetir bastante ao longo desta época», diz o responsável da APAF, falando numa 'escalada de agressões a árbitros em Portugal'.
Segundo Luciano Gonçalves, situações como a de hoje acontecem porque 'se olha há muito tempo para a arbitragem de forma banal'.
«Se queremos alterar estas situações, temos de mudar os exemplos que vêm de cima. As pessoas têm sempre como referência os superiores, o que veem, o que nos ensinam e aqui é precisamente igual», afirmou o presidente da APAF, referindo-se ao futebol profissional.
«Semanalmente vemos que as pessoas falam é dos casos, das piadas e das ‘gaffes’ e cada vez menos de futebol», lamentou.
Em casos como o da agressão a que assistiu hoje, Luciano Gonçalves defende que a justiça seja 'mais pesada e mais célere'.
«Isto já é um problema extra desportivo. É uma questão de segurança pública. Isto não tem nada a ver com um espetáculo desportivo. Além disso, muitos destes pais têm os filhos subsidiados para poderem jogar futebol. O aumento do número de casos destes não é normal», finalizou.