O FC Porto já baixou para 50 a percentagem de derrotas no terreno do Benfica em jogos da I Liga portuguesa de futebol, depois de somar apenas três nas últimas 17 visitas ao seu ‘inimigo número 1’.
Após só ter somado nove triunfos no reduto dos ‘encarnados’ em 67 anos, de 1934/35 a 2000/01, os portistas ‘mandam’ claramente desde então, com sete vitórias, outros tantos empates e apenas três desaires (17-14 em golos).
Nas últimas 17 deslocações à Luz, os ‘azuis e brancos’ só perderam em 2005/06 e 2009/10, sempre por 1-0, e em 2013/14, por 2-0, no que é o único resultado com diferença de dois ou mais golos, para qualquer das equipas, em duas décadas.
Um livre direto do francês Laurent Robert, aos 40 minutos, com a ajuda de Vítor Baía, selou o resultado de 2005/06 e, quatro anos depois, numa noite de chuva, foi o argentino Javier Saviola a marcar, com o uruguaio Maxi Pereira, que, entretanto, ‘virou a casaca’, sentado na linha de golo.
A última vitória do Benfica, e primeira por mais de um golo desde 1997/98 (3-0, com o FC Porto já campeão), aconteceu em 12 de janeiro de 2014, dias depois da morte do ‘rei’ Eusébio, que os jogadores ‘encarnados’ souberam honrar.
O avançado hispano-brasileiro Rodrigo, aos 13 minutos, assistido pelo sérvio Markovic, e o central argentino Garay, aos 53, de cabeça, após canto – que devia ter sido penálti - do compatriota Enzo Pérez, marcaram os tentos das ‘águias’.
Estes três encontros são, porém, um ‘oásis’ para o Benfica, que, em 17 anos, não saboreou mais nenhum triunfo, embora alguns empates tenham tido esse sabor, sobretudo os de 2014/15 (0-0) e 2016/17 (1-1), determinantes nos respetivos títulos.
O FC Porto, que não perde duas vezes consecutivas desde 1999/2001, tem sido ‘rei e senhor’ na Luz, onde até conseguiu, em 2010/11, selar a vitória no campeonato, a cinco rondas do fim (25.ª de 30), com um triunfo por 2-1.
Um autogolo do espanhol Roberto, logo aos nove minutos, deu vantagem aos portistas, o argentino Saviola ainda empatou, de penálti, aos 17, mas, pouco depois, aos 26, o brasileiro Hulk recolocou os ‘dragões’ na frente, também de grande penalidade.
O resultado manteve-se até final e o ‘onze’ de André Villas-Boas, que viria a vencer a prova invicto, festejou em pleno Estádio da Luz, onde, mau perdedor, o Benfica fechou as luzes e ligou os aspersores. Ficou para a história.
Esta foi a vitória mais emblemática do FC Porto, a par da última, a 15 de abril de 2018, selada aos 90 minutos, pelo mexicano Herrera, que permitiu aos ‘dragões’ roubar a liderança às ‘águias’ e negar-lhes um inédito ‘penta’.
Há sete anos, em 2011/12, o triunfo por 3-2, decidido por um tento do central brasileiro Maicon, aos 87 minutos, em fora de jogo, também foi determinante para inclinar o título para o lado do Dragão.
As tardes e noites de glória dos ‘azuis e brancos’ na Luz têm ainda capítulos, com o luso-brasileiro Deco a selar o triunfo de 2002/03, o sul-africano McCarthy o de 2003/04 e Ricardo Quaresma o de 2007/08, todos por 1-0.
Em 2015/16, o Benfica começou a ganhar, mas o FC Porto, então sob o comando de José Peseiro, atual treinador do Sporting, deu a volta ao marcador, com tentos de Herrera e do avançado camaronês Aboubakar, ausência certa no domingo.
Apesar do domínio recente dos ‘azuis e brancos’, o histórico ainda dá vantagem clara aos ‘encarnados’, que registam ‘redondos’ 50% de triunfos (42 em 84 jogos), contra 26 empates e 16 derrotas, com 166-85 em golos.
A história dos encontros para o campeonato na casa do Benfica começou a escrever-se em 24 de março de 1935, dia em que, no Campo das Amoreiras, em Lisboa, os anfitriões venceram por 3-0, com tentos de Gaspar, Rogério e Vítor Silva.
Os ‘encarnados’ viriam a triunfar em 13 dos primeiros 14 jogos – a exceção é o 2-3 de 1939/40 - e não mais largaram a liderança no histórico, sendo que o FC Porto só por duas vezes conseguiu vitórias consecutivos, primeiro em 1974/75 (1-0) e 75/76 (3-2) e, depois, em 2010/2011 (2-1) e 2011/2012 (3-2).
A formação portista também só alcançou uma vitória por mais de um golo de diferença, quando venceu por 2-0 na ‘longínqua’ temporada de 1950/51.
Por seu lado, o Benfica apresenta uma série de goleadas, a maior das quais nos primórdios, em 1942/43: 10 tentos separaram as duas equipas (12-2), com o ‘póquer’ (quatro golos) de Julinho em destaque.
A formação lisboeta conseguiu outros resultados expressivos, destacando-se o 7-2 de 1944/45, o 6-0 de 36/37, o 5-1 de 35/36 e 41/42 e ainda o 4-0 de 45/46, 46/47 e 64/65.
Individualmente, o melhor marcador é José Águas, que ‘bisou’ em cinco ocasiões e totalizou 14 golos, contra 10 do ‘rei’ Eusébio da Silva Ferreira.