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«Não sei o que é viver sem dor», Pedro Venâncio

O antigo futebolista Pedro Venâncio foi defesa central do Sporting durante mais de uma década e hoje, aos 55, espera que lhe possam ser feitas próteses nos joelhos para acabar com as dores com que vive diariamente.

«Não sei o que é viver sem dor», Pedro Venâncio

Natural de Setúbal, Pedro Venâncio passou pelo Vitória ainda júnior, mas cedo despertou a cobiça do Sporting. Acabou por fazer o último ano de júnior em Alvalade e, no primeiro ano como sénior, impôs-se como titular dos ‘leões’. A meio da época, quando estava a viver o “sonho”, Venâncio foi forçado a parar. Os joelhos não aguentavam mais e foi a primeira de muitas operações.

“Nasci com um problema nos joelhos. Fazia luxações congénitas e, na altura, a maior parte das pessoas nem sequer tinha ouvido falar nesse problema. Não havia um conhecimento muito profundo deste tipo de lesão e as coisas na primeira operação não correram muito bem. A recuperação também não foi boa, perdi 20 quilogramas e levei mais de um ano e meio a recuperar”, recordou o antigo futebolista, em entrevista à Lusa.

Com grandes dificuldades para voltar aos relvados, Pedro Venâncio acrescenta que só com a ajuda do professor Rui de Oliveira, que trabalhava com o atletismo, conseguiu voltar a estar em forma, embora o problema se mantivesse.

“Voltei sem limitações, mas o problema estava lá porque a operação não correu bem, o método utilizado não foi o mais correto. Portanto, os problemas voltaram e tive de voltar a ser operado, em 1986. Ou fazia o Mundial ou fazia a operação e estava preparado para o começo da época. As dores eram horríveis e optei por não ir ao Mundial”, lembrou o central, que na altura já estava entre os convocados da seleção.

Seguiram-se outras operações para limpeza do joelho, mas Venâncio sabia que o dia de parar haveria de chegar. Aconteceu mais cedo do que qualquer futebolista deseja.

“Aos 30 anos acabei, porque sentia que não me conseguia apresentar nas condições ideais, e para não agravar ainda mais o problema. Sempre tive consciência do que me ia acontecendo, a equipa médica sempre me esclareceu”, frisou o antigo jogador.

Orgulha-se do caminho que fez no futebol, mas hoje, de lágrimas nos olhos e com a dor sempre presente, Venâncio admite que talvez tivesse sido melhor fazer outras escolhas.

“Nunca ninguém me apontou uma arma para jogar, mas nós estamos a fazer o que mais gostamos, no clube que adoramos, e às vezes não ligamos a essas situações. Hoje em dia penso muito nisso… se não tivesse feito todas aquelas maluquices que fiz, as injeções que tinha de fazer durante os jogos para me tirar as dores e continuar a jogar, ter o joelho inchado e tirar líquido para poder jogar. Foram situações que sabia que no futuro me iriam prejudicar, como me está a acontecer, mas na altura queria era jogar. Pensamos pouco no futuro, mas pronto, o que fiz foi por paixão”, garante Pedro Venâncio.

Com uma vida dedicada ao desporto, o ex-futebolista mantém-se ativo para não agravar o problema congénito que tem, mas está muito limitado e só a força de vontade o leva a superar-se a cada dia que passa.

“Andar custa-me, já me desloco a pé com alguma dificuldade, e sei que daqui para a frente vai sempre piorando. Já tentei ir a uma junta médica para me colocarem uma prótese, que sei que é o que me espera, mas dizem-se que ainda sou muito novo e há riscos. Então o que me dizem é para aguentar o máximo que puder enquanto tiver alguma qualidade de vida”, afirmou, cabisbaixo.

A dor está sempre lá, seja que dia for, a que horas for. O antigo defesa central aprendeu a viver com isso, mas admite que não se vive bem.

“Eu posso dizer que sou uma pessoa constantemente com dor. Não há dia nenhum em que me levante e não sinta dor. Há dias em que as dores são suportáveis, mas noutros custa mais a suportar”, confidenciou, sempre orgulhoso pelo que conquistou e pela carreira de 13 anos.

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