O Governo cabo-verdiano quer recuperar o turismo, perdido pela pandemia da covid-19, apresentando-se ao exterior com um programa de segurança sanitária, que já está a ser preparado.
“Um país como Cabo Verde tem de se preparar, rapidamente, para se adequar às transformações já em curso. É, entretanto, certo que as rápidas e profundas transformações são sempre uma oportunidade que se oferecem às sociedades e países”, defendeu hoje o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, numa mensagem sobre os desafios que o país enfrenta.
Entre outras consequências, Olavo Correia alerta que a pandemia da covid-19 vai provocar “uma profunda reorganização da economia mundial”, e que por isso o Governo “está a acelerar os passos na elaboração do Plano de Recuperação da Economia Cabo-verdiana” para o período pós-covid-19, numa visão até 2030.
“Este plano visa, entre vários outros, dotar o Estado de Cabo Verde de orientações estratégicas, programas e parcerias para criar confiança na segurança sanitária de Cabo Verde, recuperar os turistas e o turismo em geral, recuperar as empresas e, sobretudo, operacionalizar o conceito de país plataforma”, explicou.
Cerca de 25% de toda a riqueza produzida anualmente em Cabo Verde está dependente do turismo, mas o arquipélago está encerrado a voos internacionais desde março, para conter a pandemia da covid-19.
O estudo estatístico do turismo em Cabo Verde em 2019 confirmou em abril que as unidades hoteleiras cabo-verdianas receberam 819.308 hóspedes, um aumento de 7% face a 2018, e 5.117.403 dormidas, um crescimento também homólogo de 3,7%.
Apesar destes números, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, já admitiu anteriormente que o país deverá perder meio milhão de turistas em 2020, quebra superior a 60% face a 2019, além de um corte de 4% no Produto Interno Bruto (PIB), devido à covid-19.
“A economia de Cabo Verde vai perder cerca de 500 mil turistas este ano, em relação a 2019. Com isso, o país vai ter uma redução de cerca de três milhões de dormidas”, afirmou.
A última previsão do Governo cabo-verdiano aponta para uma revisão do Orçamento do Estado para 2020 com um cenário de défice orçamental que dispara de 2 para 10% do PIB, com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica de 4 a 5% do PIB, contra o crescimento anual acima de 5% que se registava até agora.
O quadro do Governo é composto ainda pela duplicação do desemprego, cuja taxa poderá chegar aos 20% e a quebra de 18 mil milhões de escudos (163 milhões de euros) em receitas públicas.
Cabo Verde regista 186 casos diagnosticados de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (127), Boa Vista (56) e São Vicente (03).
O foco principal da doença é a cidade da Praia, com 124 casos, e que se encontra em estado de transmissão local.
Em todo o país, já foram consideradas recuperadas da doença 37 pessoas, enquanto duas pessoas acabaram por morrer, na Praia e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infetados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 145 casos ativos em Cabo Verde.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu hoje para 1.959, com mais de 49 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 254 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.