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Recrutar mais cedo é decisivo para o crescimento do futebol feminino em Portugal - FPF

O desenvolvimento do futebol feminino em Portugal depende da angariação «mais cedo» das atletas e de um aumento da oferta disponível, principalmente nas equipas de formação, explica um estudo da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) hoje divulgado.

Recrutar mais cedo é decisivo para o crescimento do futebol feminino em Portugal - FPF

“Com o crescimento de praticantes e da angariação a revelarem maior relevância nos escalões iniciais de formação, entre os sete e 12 anos […], torna-se essencial angariar mais cedo e potenciar a retenção através do aumento da oferta disponível, principalmente nas equipas de formação”, revelam as conclusões do primeiro estudo divulgado pelo novo projeto da FPF, o ‘Portugal Football Observatory’.

O documento, que tem como tema central ‘como angariar e reter mais no futebol feminino?’, analisa 10 temporadas, entre 2010/11 e 2019/20, durante as quais o número de praticantes mais do que duplicou.

Na época 2019/20, situava-se perto das 10 mil praticantes, face às cerca de 3.500 em 2010/11, o que representa um crescimento de 181%, face ao crescimento de 17% no futebol masculino, que tinha cerca de 211.500 praticantes em 2019/20.

Apesar do aumento de praticantes, só 16% dos clubes com futebol em Portugal têm atletas femininas e apenas 1% das meninas entre os cinco e 19 anos praticam a modalidade de forma federada.

Nas últimas 10 épocas, o crescimento do número médio de equipas por clube reflete-se também no aumento no número de equipas de formação. Atualmente, 8% dos clubes têm mais de três equipas de formação, ou seja equipas que têm pelo menos cinco praticantes femininas inscritas.

Em 2010/11, as equipas seniores femininas constituíam mais do dobro das equipas de formação existentes e, em 2019/20, as equipas de formação representam o triplo das seniores.

“Continuar a trazer novas atletas para a prática do futebol, principalmente nos escalões de formação, é essencial para continuar a crescer. Estes dados sugerem uma relação entre o aumento da oferta ao nível dos escalões de formação e a subida do número total de inscrições”, aponta o estudo.

Atualmente, 15% dos clubes de futebol em Portugal têm praticantes femininas (220 em 1.370), seja em equipas exclusivamente femininas ou mistas.

A taxa de praticantes femininas face à população total feminina, com idades entre os cinco e 19 anos, por distrito, varia entre 0,5% e 2,9%. Em comparação com a população masculina na mesma faixa etária esta taxa situa-se entre o mínimo de 14% e um máximo de 38%, demonstrando-se um forte desequilíbrio entre sexos.

“Existe, portanto, enorme potencial de crescimento de angariação de atletas femininas em todas as associações de futebol”, nota o estudo.

A importância da oferta e dos clubes como fonte de angariação são fatores considerados essenciais pelo estudo, que defende “mais clubes e mais equipas, com melhores horários (mais cedo), e conseguir ter alternativas que permitam conciliar estudos e treinos/competição”.

As principais barreiras apontadas à continuidade da prática da modalidade, para atletas federadas que deixaram de praticar, estão relacionadas com a ‘gestão dos horários de treino’ (28%), a ‘falta de perspetiva de carreira e consequente foco nos estudos’ (20%) e a ‘dificuldade em encontrar equipa’ (12%).

As atletas federadas que ponderam abandonar a prática dentro de duas ou três épocas apontam que o futebol ‘não faz parte dos planos como carreira’ (26%), o ingresso ‘no secundário ou faculdade’ (26%) e o ‘horário de treino incompatível com outras atividades’ (20%).

Sobre a gestão do tempo, cerca de 40% das praticantes referiram que os seus treinos têm início entre as 20:30 e às 22:00 e a sua maioria consideram que se realizam muito tarde.

“Esta posição pode indicar que o facto de não poderem treinar mais cedo é um fator que constitui barreira à continuidade da prática”, sustenta.

A dificuldade em encontrar equipa foi também o fator mais evidenciado pelas praticantes de futebol informal para não se tornarem federadas e pelas meninas que não jogam futebol para justificarem porque não o fazem.

À questão ‘porque não jogam num clube’, 31% disseram ter ‘dificuldade em encontrar equipa’, 18% ‘falta de preparação’, 11% ‘falta de tempo’ e 10% os ‘horários’. À questão ‘porque não jogas futebol’, 27% relataram ‘dificuldade em encontrar equipa’, 22% disseram que gostam de ver jogar mas não praticar, 20% ‘falta de preparação’ e 14% indicaram vontade de praticar outras atividades ou modalidades.

O estudo recorreu à base de dados da FPF entre as épocas 2010/11 e 2019/20. Foram elaborados ainda questionários a meninas com idade superior a 13 anos, com gosto por futebol, praticantes ou não da modalidade, de forma federada ou informal, e ainda a pais e mães de jovens com idades entre os cinco e 18 anos.

Estes questionários foram divulgados através da rede social Facebook, com “o intuito de obter uma amostra abrangente e diversificada, e ainda mediante envio por email a atletas federadas ou divulgação junto dos clubes”.

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