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Nuno Morais testemunhou renovação de mentalidades no Chelsea

A contratação do treinador José Mourinho ao então campeão europeu FC Porto renovou o espírito do Chelsea, testemunhou o ex-futebolista Nuno Morais, o reforço português menos mediático do clube inglês em 2004/05.

Nuno Morais testemunhou renovação de mentalidades no Chelsea

“O foco maior era ganhar o próximo jogo. Sempre que colocarmos esse objetivo, vemos que mais tarde estaremos perto de ganhar qualquer coisa. Essa foi uma das grandes mais-valias do ‘mister’. Não importa o jogo ou a competição. Ele quer ganhar. Creio que essa mentalidade que trouxe prevaleceu e rendeu troféus”, vincou à agência Lusa o ex-médio, contratado pouco depois de ter ajudado a subir o Penafiel à I Liga portuguesa.

Nuno Morais, então com 20 anos, tinha feito 35 jogos e dois golos numa “época bastante boa” pelos ‘durienses’ e foi convidado a treinar à experiência no Chelsea, juntando-se a ‘Mou’, aos adjuntos Rui Faria e Silvino Louro e aos jogadores Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho (ambos ex-FC Porto) e Tiago (ex-Benfica), todos recrutados no verão de 2004.

“Como tinha o mesmo empresário do José Mourinho, o Jorge Mendes, acabámos por conseguir essa transferência. Comecei na segunda equipa do Chelsea, mas depois já trabalhava diariamente com o plantel principal. Foi uma oportunidade muito boa e uma experiência fantástica. Claro que estava nervoso com este salto para um nível diferente, mas ter colegas e treinadores portugueses ajudou-me bastante na adaptação”, admitiu.

Além do ‘raide’ pelo mercado português, o investimento de 166,4 milhões de euros do magnata russo Roman Abramovich, proprietário do Chelsea desde junho de 2003, englobou as aquisições de Didier Drogba (ex-Marselha), Petr Cech (ex-Rennes), Arjen Robben e Mateja Kezman (ex-PSV Eindhoven) ou Jiri Jarosik (ex-CSKA Moscovo).

“Pude trabalhar e conviver com os melhores, que acabam por ser atletas muito simples e humildes. Foi um tempo em que pude aprender muito, apesar de não ter jogado tanto. A partir do momento que vou para uma equipa dessas, já sabia que não ia ser fácil”, assumiu Nuno Morais, limitado a quatro jogos em 2004/05.

No ‘núcleo duro’ já estavam John Terry, William Gallas, Wayne Bridge, Claude Makélélé, Frank Lampard, Joe Cole ou Damien Duff, que ajudaram José Mourinho a prolongar a ‘aura’ trazida do FC Porto, com a conquista de dois campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça, uma Liga dos Campeões e uma Taça UEFA em duas épocas e meia.

“Claro que vinha motivado, mas ao trabalhar com ele conseguimos perceber realmente o porquê de todo esse carisma. Adotou muito bem o epíteto de ‘special one’ assim que chegou, porque tinha uma relação com os jogadores e uma parte motivacional fantástica. Juntando todo o conhecimento, conseguiu formar ali uma equipa fantástica”, enalteceu.

A primeira experiência no estrangeiro como treinador principal originou dois títulos de campeão inglês (2004/05 e 2005/06), quebrando uma ‘seca’ de 50 anos, uma Taça de Inglaterra (2006/07), uma Supertaça (2005) e duas Taças da Liga (2004/05 e 2005/06).

“Foi bastante satisfatório para todos, do presidente, que arriscou e investiu bastante, até aos jogadores, que eram bastante jovens e vieram com aquela vontade de ganhar. Era gratificante ver os adeptos de uma estrutura muito grande a celebrar”, observou Nuno Morais, que foi cedido ao Marítimo na época do segundo título, a par de Filipe Oliveira.

Envolvido num milionário projeto de reestruturação desportiva, financeira e estrutural, o Chelsea desafiava os ‘colossos’ nacionais e europeus, embora tenha ficado duas vezes durante a ‘era Mourinho’ pelas meias-finais da Liga dos Campeões (2004/05 e 2006/07).

“Todos queriam mostrar o seu valor, mas puxavam para o mesmo lado. Essa foi a grande conquista do ‘mister’. Focar em ganhar foi uma das grandes lições que aprendi, trouxe comigo e ainda hoje tento cumprir na perfeição. No final do dia, é isso que conta”, frisou.

Nuno Morais, de 37 anos, saiu dos ‘blues’ no verão de 2007 para se fixar nos cipriotas do APOEL - cuja equipa de juniores orienta atualmente -, meses antes de o setubalense ter concluído a primeira estadia em Stamford Bridge, onde voltaria entre 2013/14 e 2015/16.

“Os anos vão passando, as experiências são outras e o próprio atleta era diferente há 20 anos. Não havia tanto esta facilidade das redes sociais. Estamos a falar de um contexto total que se alterou. Se o treinador não muda, não tem espaço. Claro que José Mourinho está diferente, mas creio que os seus princípios e grandes virtudes continuam a ser os mesmos. Por isso, mantém-se ao mais alto nível e continuará a ter sucesso”, afiançou.

Michael Essien e Florent Malouda (ambos ex-Lyon), Andriy Shevchenko (ex-AC Milan), Ashley Cole (ex-Arsenal), Michael Ballack (ex-Bayern Munique) ou Nicolas Anelka (ex-Bolton) refletiram o poder financeiro do Chelsea para atrair talento com ‘Mou’, cenário frisado desde então e que já valeu 20 títulos e duas ‘Champions’ (2011/12 e 2020/21).

José Mourinho, de 58 anos, vai cumprir o milésimo jogo nos bancos no domingo, na receção da Roma ao Sassuolo, em jogo da terceira jornada da Liga italiana, 21 anos depois da estreia como treinador principal pelo Benfica, em 23 de setembro de 2000.

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