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Pandemia impactou «menos do que o esperado» a indústria mundial de calçado - APICCAPS

O efeito da pandemia no setor do calçado foi “menor do que se esperava”, segundo a associação setorial, com a produção e as exportações mundiais a caírem 15,8% e 19%, quando se previa uma quebra de 20% no consumo.

Pandemia impactou «menos do que o esperado» a indústria mundial de calçado - APICCAPS

“Em 2020, o painel de especialistas inquiridos no ‘World Footwear 2021 Yearbook’ apontava para uma quebra no consumo mundial de calçado superior a 20%. Apesar de os números finais de 2020 nos países desenvolvidos da Europa e América do Norte estarem em linha com essas expectativas, a Ásia e os países menos desenvolvidos superaram as expectativas”, nota a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS).

A queda da produção mundial situou-se nos 15,8%, correspondente a menos 4.000 milhões de pares, o que “destrói, ainda assim, todo o crescimento acumulado nos últimos 10 anos”, refere a associação.

De acordo com a APICCAPS, se em 2020 o efeito da pandemia no setor do calçado “foi menor do que se esperava”, também o calçado português - que, de domingo até terça-feira, participa na 92.ª edição da feira de calçado MICAM, em Milão, Itália - “resistiu melhor do que os concorrentes internacionais”.

Ao nível da produção, Portugal registou uma quebra de 13,2%, para 66 milhões de pares, cerca de metade da quebra registada por Itália (-26,8%, para 131 milhões de pares) e de Espanha (-26,5%, para 72 milhões de pares).

Apesar do impacto da pandemia, a APICCAPS nota que “a distribuição geográfica da produção não foi afetada e continua maioritariamente concentrada na Ásia, onde quase nove em cada 10 pares de calçado são fabricados”.

“A Ásia conseguiu aumentar a participação na produção mundial em 0,2 pontos percentuais e a China continua no pódio como o maior produtor mundial de calçado, com 54,3%”, destaca.

“No entanto – acrescenta - em 2020, o gigante asiático reduziu a produção em mais de 2.000 milhões de pares e continuou a perder peso na cena competitiva mundial (queda de um ponto percentual)”, o que “reflete um deslocamento da produção para outros países vizinhos”.

Segundo a associação, a pandemia de covid-19 também “interrompeu as cadeias de valor internacionais, levando a uma redução na percentagem da produção exportada, que caiu de 62% para 59%”.

E, se a Ásia “continua a ser a fonte da maior parte do calçado exportado”, o facto é que “a sua participação no total mundial tem diminuído lentamente nos últimos 10 anos”, tendo essa tendência continuado em 2020.

Paralelamente, “o mesmo está a ocorrer com todos os outros continentes, exceto a Europa, cuja participação nas exportações mundiais aumentou quase quatro pontos percentuais desde 2011”, refletindo “a alta intensidade do comércio intraeuropeu e um forte processo de integração na área”.

Embora a China continue a ser “líder indiscutível” nas exportações de calçado, em 2020, e pela primeira vez, o Vietname superou 10% das exportações mundiais em volume, e, em valor, tornou-se mesmo o maior exportador de calçado têxteis, ultrapassando a China.

“É a primeira vez, desde a publicação do ‘World Footwear Yearbook’, que a China não lidera a lista de exportações de uma categoria de calçado”, salienta a APICCAPS.

Globalmente, o total de calçado exportado em 2020 (12.100 milhões de pares) teve uma queda de 19% em relação ao ano anterior, situando-se no “menor valor dos últimos 10 anos”. Em valor, a queda foi menor (14%), levando o total das exportações aos níveis de 2013.

Já a evolução do preço médio de exportação por par continua a apresentar uma tendência ascendente, crescendo a uma média de 3,3% ao ano desde 2011.

“Em 2020, apesar das tendências negativas, o crescimento dos preços acelerou a 6%, com o preço médio a exceder, pela primeira vez, os 10 dólares [cerca de 8,5 euros]”, refere a associação.

Ao nível do consumo de calçado, a pandemia teve “um forte impacto” nas economias desenvolvidas da América do Norte e da Europa, contribuindo para a redução da lacuna entre o consumo ‘per capita’ nos continentes, apesar de persistirem ainda “diferenças geográficas importantes nos padrões de consumo”.

Por exemplo, o consumo ‘per capita’ de calçado varia entre 1,5 pares na África e 4,3 pares na América do Norte.

Em 2020, o consumo da Ásia representou mais da metade (55,8%) do total em todo o mundo, enquanto a Europa e a América do Norte representaram 13,6% e 13,1%, respetivamente.

A União Europeia, enquanto região, foi o quarto maior mercado consumidor de calçado, com 1,763 milhões de pares consumidos em 2020, número que representa “uma queda de duas posições no ‘ranking’” e é “influenciado pelo duplo impacto do ‘brexit’ e da pandemia”.

Pela primeira vez, os EUA apresentaram um consumo inferior a 10% uma quota do mundial, enquanto a China, por outro lado, ultrapassou o patamar de 20% e, junto com a Índia, já responde por quase um terço do consumo mundial.

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