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Benfica-FC Porto: Duarte Gomes dirigiu decisão «nada fácil» em 2010/11

O ex-árbitro Duarte Gomes experienciou um ‘clássico’ “nada fácil de gerir” em 03 de abril de 2011, quando o FC Porto venceu em casa do Benfica (2-1), ‘selando’ antecipadamente o 25.º título de campeão nacional de futebol.

Benfica-FC Porto: Duarte Gomes dirigiu decisão «nada fácil» em 2010/11

“Lembro-me do que estava em jogo. O FC Porto atingiu o seu objetivo a cinco rondas do fim do campeonato. O jogo teve os ingredientes normais de um ‘clássico’ em que tudo se resolve: muita tensão, entrega, competitividade, cartões e penáltis. Não são jogos fáceis para os árbitros, que estão muito envolvidos, para lá do processo de decisão, na gestão emocional de atletas e pessoas à volta do jogo”, partilhou à agência Lusa o antigo juiz.

Um autogolo do espanhol Roberto, aos nove minutos, e um penálti do brasileiro Hulk, aos 26, permitiram aos ‘dragões’ destronarem no Estádio da Luz, em Lisboa, as ‘águias’, que ainda igualaram aos 17, pelo argentino Javier Saviola, através da marca dos 11 metros.

“São jogos aliciantes. É importante para um árbitro sentir a confiança de quem nomeia, porque somos escolhidos em função da nossa forma psicológica, física e motivacional naquele momento, dos jogos que fazemos ou da nossa classificação. Quando há uma nomeação para um encontro que teoricamente pode ser decisivo, como é óbvio há um sentimento de elogio inerente à nomeação, que nos deixa felizes e motivados”, admitiu.

Numa ‘era’ ainda desprovida de vídeoárbitro (VAR), Duarte Gomes mostrou 13 cartões, sobressaindo um duplo amarelo ao argentino Nicolás Otamendi, atualmente no Benfica, que deixou os pupilos de André Villas-Boas em inferioridade numérica, aos 70 minutos, e um vermelho direto na equipa de Jorge Jesus, para o paraguaio Óscar Cardozo, aos 86.

“Não me recordo do lance do Otamendi. Já o Cardozo, teve uma conduta completamente descabida, numa fase em que havia muita frustração emocional e muito pouco oxigénio. Os jogadores, tal como os árbitros, não são máquinas e muitas vezes sentem a pressão do jogo. O cansaço físico vai toldando a razão e há ali um ponto em que passam a linha, obviamente sem malícia, mas porque tiveram algum descontrolo emocional”, explicou.

O então árbitro da associação de Lisboa admitiu que a presença em campo ao longo dos 90 minutos de 21 jogadores sul-americanos (10 no Benfica e 11 no FC Porto), que “são muito difíceis de lidar a nível de comportamento”, ajudou a tornar o encontro “dificílimo”.

“Havia vários jogadores combativos, algo que, num jogo desta natureza, torna tudo muito mais intenso, viril e disputado. Isso requer do árbitro muito mais concentração e faz com que haja situações no limite das leis que devem ser punidas. Sabíamos perfeitamente ao que íamos. Tal como previsto, tivemos vários lances cinzentos, dúvidas e fricção”, notou.

Apesar da “enorme responsabilidade” associada a uma partida carregada de mediatismo, que traduz um “acréscimo de adrenalina pela positiva a nível emocional”, Duarte Gomes sublinhou que a “preparação teórica, física e técnica” da equipa de arbitragem “foi igual”.

“Há um sentimento especial por se saber que o jogo pode definir muita coisa. Um penálti ou um golo hoje em dia são muito mais do que um resultado desportivo. Muitas vezes, equivalem mesmo a muitos milhões de euros. Ou seja, os árbitros têm de assumir bem essa responsabilidade para elevarem o seu foco, concentração e abnegação. Até pelo mediatismo posterior que os jogos têm, sabem a importância de estarem bem”, vincou.

De um “bom jogo para o álbum das memórias”, Duarte Gomes, que ascendeu à primeira categoria em 1997 e ostentava as insígnias da FIFA desde 2002, até se retirar em 2016, guarda também um “episódio triste”, quando “já tanto se pedia um futebol pela positiva”.

Após o apito final, o Estádio da Luz ficou às escuras e foi acionado o sistema de rega do relvado, sem impedir os festejos da estrutura do FC Porto, perante um mundo do futebol “com demasiado ruído à volta”, no qual “tudo é aproveitado para criar focos de incêndio”.

“Quando entram em campo, os árbitros têm de saber que não vão apitar, mas arbitrar o jogo. Não é apenas fazer cumprir as leis de jogo, mas perceber que terão 22 homens em campo e várias dezenas de outros nos dois bancos, que estão completamente emotivos, com um objetivo bem definido e uma carga muito grande nos seus ombros a nível de pressão desportiva e dos próprios adeptos. Entram muito tensos no jogo”, rememorou.

Além de “bom gestor de emoções”, Duarte Gomes, de 49 anos, acredita que o “segredo” passa por “antecipar, prevenir e evitar que as coisas aconteçam”, sob pena de haver “um juiz reativo, que dá mais cartões, apita mais faltas e anda a correr sempre atrás do jogo”.

Os ‘dragões’ podem voltar a festejar em casa do Benfica 11 anos depois e o comentador televisivo, que suplantou os 200 jogos na I Liga e os 100 nas provas europeias, espera que a arbitragem do jogo da 33.ª e penúltima jornada “seja a menor das preocupações”.

“As equipas deverão dar o melhor nas variáveis que dominam. A arbitragem faz parte do jogo, mas está fora do controlo das equipas. Não se preocupem com o árbitro. Se forem melhores e mais consistentes, vão ultrapassar as variáveis e sair vencedores”, finalizou.

O Benfica, terceiro, com 71 pontos, recebe o FC Porto, líder isolado, com 85, no sábado, às 18:00, no Estádio da Luz, em Lisboa, em jogo com arbitragem de Luís Godinho, da associação de Évora, bastando um ponto aos ‘dragões’ para destronarem o Sporting.

Programa da jornada

Sexta-feira, 6 de Maio de 2022
Boavista - V. Guimarães, 1 - 1

Sábado, 7 de Maio de 2022
Estoril - Moreirense, 1 - 0
Benfica - FC Porto, 0 - 1
Portimonense - Sporting, 2 - 3

Domingo, 8 de Maio de 2022
Gil Vicente - Tondela, 3 - 0
Vizela - Marítimo, 1 - 1
Sp. Braga - Arouca, 1 - 0
Santa Clara - Paços Ferreira, 2 - 0

Segunda-feira, 9 de Maio de 2022
BSAD - Famalicão, 2 - 3

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