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Cabo Verde: Carlos Machado devolveu Académica do Mindelo ao título 33 anos depois

Carlos Machado conduziu em 09 de julho a Associação Académica do Mindelo à conquista do título de campeão cabo-verdiano de futebol 33 anos depois, tornando-se o primeiro treinador português a alcançar tal feito.

Cabo Verde: Carlos Machado devolveu Académica do Mindelo ao título 33 anos depois

“É uma sensação incrível. Ser campeão nacional num país não é fácil, mesmo com as dificuldades que existem aqui. Fomos, sem dúvida, a melhor equipa e provámos isso em campo. É fruto do trabalho excelente que fizemos”, expressou à agência Lusa o técnico, que orienta uma das filiais da Associação Académica de Coimbra naquele país insular.

Em Sal Rei, um golo de Tchukin permitiu ao clube da ilha de São Vicente bater na final o Palmeira (1-0) e arrebatar o principal escalão de Cabo Verde pela quinta vez, após 1953, 1964, 1967 e 1989 - três dos cetros foram anteriores à independência do país, em 1975.

“É uma sensação muito gratificante ao fim de três anos em Cabo Verde. O campeonato nacional não se realizou em 2021, devido à pandemia de covid-19. A nível regional, foi interrompido em 2020, quando estávamos no topo e não nos atribuíram o título de forma injusta. Contudo, mentalizei-me que vinha aqui para ganhar e tinha de montar um plantel para atacarmos este título. Foi uma vingança do ano de estreia”, notou Carlos Machado.

Vencedor do Grupo C, com 11 pontos, em seis jornadas, a ‘briosa’ deixou pelo caminho nessa fase o Mindelense, então detentor do cetro e recordista de campeonatos, com 20, para bater nas meias-finais o Rosariense (empate 2-2 e vitória por 4-0 nas duas mãos).

“No primeiro jogo, estávamos a perder por 0-2 em casa a cinco minutos do fim e fizemos uma recuperação fantástica, colocando justiça no resultado, porque tinha sido um jogo bastante ingrato para nós. Logo aí, vi que chegaríamos com mais moral à segunda mão, na qual ficámos reduzidos a 10 jogadores quando vencíamos por 1-0, mas marcámos mais três golos. Senti aquilo que tinha na mão e a união daqueles rapazes fantásticos, mesmo sabendo que a margem de erro em jogos de ‘mata-mata’ é muito curta”, frisou.

A Académica do Mindelo tornou-se um dos 16 finalistas da 58.ª edição do Nacional de Cabo Verde graças ao segundo lugar alcançado no Regional de São Vicente, com 30 pontos, um abaixo do Mindelense, que garantiu a 51.ª conquista na 14.ª e última ronda.

“Perdemos o título no último jogo, quando só era preciso ganhar [ao Farense de Fonte Filipe]. Fiquei bastante preocupado por perder assim, porque nos poderia afetar a nível psicológico, mas teve o efeito contrário e foi o ‘clique’. Analisámos o que se passara e senti logo a equipa com muita vontade de provar que isso tinha sido um acidente de percurso. Fomos ao Nacional de cabeça erguida e com bastante moral”, rememorou.

Se o Académica do Mindelo se isolou no terceiro lugar do ‘ranking’ de clubes com mais troféus nacionais em Cabo Verde, logo atrás de Mindelense e Sporting da Praia, Carlos Machado, de 48 anos, juntou esse êxito à conquista da II Divisão da Associação de Futebol do Porto com o Foz, em 2009/10, após três épocas na formação do Salgueiros.

“Tive o prazer de receber um telefonema do Presidente da República [de Cabo Verde, José Maria Neves] e do líder da Federação Cabo-verdiana de Futebol [Mário Semedo], que me deram os parabéns pela vitória e agradeceram a lufada de ar fresco que trouxe para o futebol local. Isso deixa-me feliz e com responsabilidade de trabalhar ainda mais para que, um dia que saia daqui, deixe a minha marca e algumas ideias boas”, apontou.

Adjunto no Boavista (2011/12), no qual trabalhou com Mário Silva, atual técnico do Santa Clara, e no Mirandela (2014/15), reassumiu o cargo de treinador principal nos espanhóis do Areas (2016-2018) e foi campeão regional da Galiza, antes de se mudar para Cabo Verde, onde contempla um país “com muitas dificuldades, mas apaixonado pela bola”.

“Neste momento, o problema reside nas infraestruturas e na organização. De resto, há boas partidas, equipas competitivas e campeonatos curtos. O futebol cabo-verdiano tem cada vez mais visibilidade e a seleção principal é composta por atletas de topo mundial, que alinham na Europa ou no Médio Oriente. Sendo muito fortes a nível físico e técnico, trouxe-lhes um extra, que foi a parte tática e de posicionamento em campo”, enquadrou.

Filho de pai cabo-verdiano, Carlos Machado viveu dos cinco aos 14 anos naquela antiga colónia portuguesa e vai continuar na Académica do Mindelo, mesmo perante “várias propostas” de clubes do seu país natal, onde espera retornar “a médio ou longo prazo”.

“Já que consegui este título, vou tentar ser bicampeão. Não será fácil, pois os opositores começam a conhecer os meus métodos de trabalho e a maneira como jogamos, mas já não há segredos no futebol. Vou ficar aqui mais um ano, pelo menos. A Académica do Mindelo estava interessada em que eu ficasse e também lhe dei a minha palavra antes de o Nacional iniciar. Estou feliz e estou bem em Cabo Verde. O país é maravilhoso”, admitiu.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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