Alguns adeptos do Anadia partilham a preferência com o FC Porto, mas torcem para que a vitória na terceira eliminatória da Taça de Portugal seja para o clube da terra, porque o campeão “tem outras taças”.
“Vim espreitar e sentir a festa, porque ainda vou a casa mudar de roupa, ou seja, de azul e branco. O cachecol é do Anadia e, algures num bolso, trarei qualquer coisa do FC Porto, porque hoje vai ser muito complicado gerir as emoções”, admitiu Fátima Figueiredo.
O Anadia, sétimo classificado da Liga 3, recebe o FC Porto, segundo da I Liga, a partir das 20:45, na ronda que marca a estreia dos ‘grandes’ na competição.
À agência Lusa, Fátima Figueiredo, adepta do FC Porto, mas “nascida e criada em Anadia”, não escondeu que, “independentemente de ser uma grande portista”, o clube da sua terra “está a fazer história e é uma oportunidade única” no futebol.
“E o FC Porto tem outras taças e muitas vitórias. É uma oportunidade para o Anadia seguir em frente e mostrar que também aqui se faz bom futebol”, defendeu Fátima Figueiredo, que não escondeu uma “confiança renovada”, depois do “jogo complicado” do Benfica.
O Benfica, líder da I Liga, precisou das grandes penalidades para eliminar o Caldas, no sábado, depois do 1-1 no tempo regulamentar e após os 120 minutos.
Para Fátima Figueiredo, “no futebol tudo é possível e a festa da Taça também é isso, é dar oportunidades aos clubes mais pequenos de mostrarem o que valem” e, neste sentido, questionou: “porque não o Anadia ganhar hoje?”.
“Hoje é para ganhar o Anadia, porque primeiro está o clube da nossa terra e só depois é que o coração bate pelos outros clubes. E o FC Porto já tem muitas vitórias e muitas taças”, assumiu Lurdes Abrantes, que acompanhava o marido, Mário Abrantes.
Com o “coração de duas cores, azul e branco”, cores do FC Porto, mas também do Anadia, hoje, e a poucas horas de começar o desafio no Estádio Municipal Engenheiro Sílvio Henriques Cerveira, os adeptos foram “sentir a festa” da Taça de Portugal.
“Ainda vou a casa jantar, mas tinha de vir aqui à festa da Taça, porque é o que o futebol devia ser, uma festa. Infelizmente, nos dias de hoje começamos a ter medo de ir aos estádios e se o FC Porto perder espero que corra bem”, desejou.
Lurdes Abrantes lamentou que o futebol tenha “deixado de ser um espetáculo bonito para passar a ser um centro de medo e de guerra”, ainda assim, admitiu que se o Anadia ganhar hoje vai “acompanhar os próximos jogos, seja onde for” que vá jogar.
Esta adepta contou que o marido “também é do Benfica, mas quando o Beira-Mar estava na I Liga, ele ia sempre torcer pelo clube de Aveiro”, porque “primeiro estão os da terra e depois é que se apoiam os outros, os chamados ‘grandes’”.
No espaço de animação, promovido pelo Anadia, junto ao estádio, os adeptos iam passando, sem que o tempo de permanência fosse muito, já que o vento e a chuva “não vieram ajudar à festa”.
Um clima que não incomodou a família Matos que, sendo de Anadia, ao peito era o equipamento do FC Porto que se fazia notar, tanto nos pais, como no casal de adolescentes que de cada vez que verbalizavam o nome do seu clube a voz vibrava.
“Não importa se é contra o clube da nossa terra. Para nós é o FC Porto e é por eles que vimos ver o jogo, como vamos a outros estádios, inclusive ao do Dragão”, disse a mãe Lúcia, juntamente com a filha Carolina.
Uma paixão futebolística “mais feminina” na família, admitiu o pai Carlos Matos que, “apesar de ter um coração a bater pelo FC Porto o dela é mais intenso” e, de todos, também o filho Samuel “é mais calmo” que o delas.
Quem fez questão de se deslocar a Anadia também foi um grupo de apoiantes do lateral esquerdo André Santos, que “independentemente do clube onde joga, é com ele” que os amigos estão e, em Anadia, já têm “lugar reservado”.
“Por acaso, dos que aqui estamos, uns são do Sporting e outros do Benfica, mas isso não interessa nada, o importante é o André Santos, e agora o Anadia, sentir que tem o nosso apoio e que estamos sempre com ele, seja qual for o adversário”, admitiu Rui Monteiro.
Um apoio “mais próximo” ao atleta que, para Lurdes Abrantes, “só é possível nos clubes mais pequenos, onde há mesmo festa do futebol, sem fanatismos e com muito respeito uns pelos outros, num verdadeiro espetáculo” que espera “ver mais daqui a pouco”, pelas 20:45.