A população de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, norte de Moçambique, juntou-se este sábado para o primeiro jogo oficial no único relvado da província que anda desde há cinco anos nas bocas do mundo por causa de uma insurgência armada.
“Cabo Delgado não é só guerra” e hoje “há muita alegria”, referiu Jamal Daudo, um dos adeptos que desde cedo marcou lugar nas bancadas do estádio municipal de Pemba para assistir à partida.
O relvado sintético é o único num raio de centenas de quilómetros do norte de Moçambique, região rica em gás natural e onde uma insurgência armada já provocou mais de um milhão de deslocados, além de um número de mortes por calcular, mas que se estima ronde pelo menos as quatro mil.
O futebol num novo tapete verde ajudou hoje a espalhar sorrisos para enfrentar a crise humanitária.
O Baía Futebol Clube de Pemba estreou-se este ano no Moçambola, a primeira liga moçambicana, que já vai na oitava jornada, mas até agora a equipa era obrigado a jogar em casa emprestada, na província de Nampula, 400 quilómetros a sul.
“Hoje estamos a ver que o nosso campo já está disponível para acolher todas as equipas”, sublinhou Maurício Agostinho, residente na cidade.
“É uma alegria, deixando de lado o terrorismo”, acrescentou Amisse Yahaia, outro adepto.
O estádio construído há vários anos recebeu agora um novo relvado e outros trabalhos de requalificação com a ajuda da petrolífera francesa TotalEnergies, líder de um dos consórcios que pretende explorar gás natural na região.
Dentro das quatro linhas, o recém-promovido Baia de Pemba recebeu o segundo classificado, o Ferroviário da Beira, e a partida acabou empatada a um golo.
“A jogar em casa, devíamos sair daqui com vitÓria”, disse o técnico dos baianos, Eurico da Conceição.
Ainda assim, nas bancadas, Jamal Daudo e os amigos não deixaram de festejar e os adeptos prometem voltar para apoiar o Baía de Pemba nos próximos jogos.