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«Vou acompanhar o Infesta até ao último minuto», Manuel Ramos, presidente

Promete acompanhar o Infesta “até ao último minuto”, mas da função de presidente está decidido a sair, em julho, após 39 anos como dirigente do atual 14.º classificado da série norte da II Divisão de futebol.

«Vou acompanhar o Infesta até ao último minuto», Manuel Ramos, presidente

Manuel Ramos recorda os pontos “altos” de quase quatro décadas de presidência, destacando a “marca” de “clube cumpridor” e o afeto das crianças.

No dia em que completou 80 anos e a seis meses de completar 39 de mandato, em entrevista à Agência Lusa, o atual presidente do FC Infesta, Manuel Ramos, explicou porque decidiu deixar o emblema mamedense.

O ainda dirigente infestista já não tem em mente a primeira decisão tomada em julho de 1974, quando tomou posse, a convite de um amigo da freguesia de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos. Lembra-se que decidiu aceitar, porque lhe disseram que “dava pouco trabalho, que era fácil, que se jogava às cartas e contava-se histórias”.

Questionado sobre o futuro do clube, caso não existam sucessores disponíveis, Manuel Ramos promete acompanhar sempre o Infesta, mas está “esgotado”, com os “nervos arrasados”, mas garante que no fim do dia, no fim do mês, no fim da época, “estará sempre tudo pago”.

“No sábado passado, tivemos num só dia 12 jogos, sete em andebol e cinco em futebol. Já viram o que é? Um clube que passa despercebido e tem, num só dia, uma dúzia de jogos. Uns vão para Braga, outros para Vizela. Isto é uma carga de trabalhos. Mas se participamos, temos de cumprir. Não temos casos de indisciplina, interdições de campo, quezílias com adversários. Temos de criar amigos”, destacou Manuel Ramos, orgulhoso, pois “muitos até dão prioridade” ao Infesta por este ser considerado “cumpridor” e “amigo”.

Manuel Ramos identificou a falta de verbas e a crise como os principais obstáculos para que surjam sucessores. Não está arrependido do que fez, mas diz já ter ido “longe demais”.

“Não tenho hipótese nenhuma de continuar. Estou arrasado dos nervos. Perco a noção das coisas. Vejo as horas ao contrário. É uma complicação grande dizer que podia continuar. Há dois problemas. Um é a falta de verbas, de rendimento. E nós cumprimos tudo desde há 40 anos”.

Sobre os pontos “altos” de 39 anos como presidente, destaca as conquistas, o património construído e as recordações de jogos com os chamados “grandes” do futebol português, mas lá dá a volta ao tema para falar das crianças.

“Estivemos 20 anos na II divisão, isso significa estabilidade. Ao longo dos anos defrontamos o Benfica, o Sporting, o Vitória de Setúbal, o Boavista, o Gil Vicente, e temos recordações muitos agradáveis, porque eramos pequenos, mas fomos somando alegrias com alguma abundância. O que era um autêntico milagre. Temos cerca de 100 miúdos nas escolas. É muito engraçado, porque eles atravessam a rua para me cumprimentar. Os pais dos miúdos são os que mais beneficiam com isto, porque estão nos trabalhos e sabem que os miúdos durante aquelas horas estão bem entregues”.

Com cerca de cinco centenas de atletas distribuídos por duas modalidades – futebol e andebol – e vários escalões, o FC Infesta, sem Manuel Ramos, “não pode acabar”, diz o presidente, que até se preocupou em comprar uma “futura casa”, como lhe chama em tom de brincadeira, no cemitério mesmo junto ao portão.

“É para quando houver jogos, poder perguntar como ficou o Infesta. Estou a brincar. Mas falo sério quanto à importância de cumprir. Um título passou, arrumou. Mas um clube que vale a pena visitar, fica”, concluiu.

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