Numa iniciativa conjunta entre Guimarães 2013 – Cidade Europeia do Desporto e o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho está a ser realizada no Centro Cultural Vila Flor (Guimarães) uma Conferência de Jornalismo Desportivo. De manhã, alguns investigadores tiveram voz sobre o assunto; à tarde, o palco foi de vários conhecidos profissionais da área, que partilharam valiosas experiências.
Subordinados ao tema 'Jornalismo Desportivo em Portugal: o que se faz, como e para quem', João Ricardo Pateiro (TSF), Jorge Pedroso Faria (Jornal de Notícias), José Manuel Ribeiro (O JOGO) e Abel Sousa (Desportivo de Guimarães) puderam partilhar as suas experiências e pontos de vista.
A abrir, Abel Sousa, diretor do Desportivo de Guimarães, discorreu sobre as normais dificuldades de um jornalista desportivo que exerce as suas funções num órgão de comunicação de proximidade e de âmbito regional.
«É natural que exista a tendência para que os problemas aumentem quando a proximidade é maior. São pedras no caminho, mas nós juntámo-las e construímos um castelo: o castelo da credibilidade», referiu, salientando a importância que o desporto assume na zona abrangida pelo seu órgão de comunicação. «Guimarães será, porventura, dos tecidos desportivos mais interessantes do país».
José Manuel Ribeiro, diretor do jornal O Jogo, não teve qualquer óbice em discursar sobre alguns calcanhares de Aquiles do jornalismo atual. «Há dez anos tínhamos mais liberdade para fugir ao mercantilismo. Cada vez há mais gente a ler jornais, mas, infelizmente, cada vez menos a comprar», observou, deixando um recado aos adeptos portugueses.
«Se amanhã fizer uma capa com um belo golo não vou vender nada. Se fizer com o António Salvador a dizer que foi roubado contra o Vitória de Guimarães vou vender. Os portugueses não têm cultura desportiva, gostam é de falar de árbitros», criticou.
Por sua vez, Jorge Pedroso Faria, editor de desporto do Jornal de Notícias, deixou um recado a alguns assessores de imprensa. «As pessoas que trabalham na comunicação dos clubes complicam a vida aos jornalistas. E, com isso, estão a complicar a vida aos próprios clubes e aos adeptos», comentou.
Antes, o conhecido relatador José Ricardo Pateiro, partilhou algumas especificidades de fazer jornalismo desportivo na rádio em relação a outros meios de comunicação de massa.
«O relato de rádio tem que dar pontos ao ouvinte para que este consiga construir a imagem do jogo. Em televisão as coisas são diferentes, embora me pareça que existe em Portugal o fantasma da redundância. A narração não é viva. É preciso encontrar um meio termo entre narração de rádio e de televisão», sugeriu, assegurando que não se via a fazer televisão.
«Para mim é mais difícil fazer televisão, porque faço menos. A responsabilidade é sempre a mesma, mas é mais difícil preparar e fazer um Leixões-Atlético do que um Benfica-FC Porto», concluiu.
A Conferência de Jornalismo Desportivo termina à noite com uma tertúlia aberta ao público em que uma personalidade do futebol português falará sobre ''Pressão Mediática no Desporto'', numa conversa moderada pelo jornalista Carlos Daniel (RTP).