O presidente do Sporting admitiu hoje que "os bons exemplos" do passado são uma fonte de inspiração no clube, ao dar o pontapé de saída das comemorações da vitória na Taça dos Vencedores das Taças há 50 anos.
"É dos bons exemplos que nós vamos retirar muitas vezes a força. E vocês são um dos grandes exemplos do Sporting Clube de Portugal", acentuou Bruno de Carvalho, ao dirigir-se a uma plateia que incluía alguns dos "heróis" da conquista da "taça mais importante" do clube, como Figueiredo, Carvalho, Alexandre Baptista, Pedro Gomes, Hilário, Mário Lino, Pérides e José Carlos.
Ao lançar o debate/homenagem sobre a vitória europeia de 15 de maio de 1964, quando o Sporting derrotou na final o MTK de Budapeste por 1-0, o presidente leonino sublinhou a importância de recorrer ao passado para ganhar determinação no presente e conquistar o futuro.
"É da vontade, da garra, da determinação que nós vamos bebendo. É isso que temos passado à nossa equipa e, felizmente, a nossa equipa tem transmitido uma garra que já não se via há muito tempo", realçou, prometendo logo de seguida: "Queremos fazer mais e melhor".
Após o elogio de Bruno de Carvalho à "prova viva daquilo que é a grandeza do Sporting", o jornalista Ribeiro Cristóvão moderou um debate no qual a vitória nos quartos de final sobre o Manchester United, por 5-0, em Alvalade, depois de uma derrota em Inglaterra por 4-1, foi a nota dominante dos protagonistas de há 50 anos.
Hilário disse que, apesar do expressivo 1-4 trazido de Inglaterra, a equipa acreditou que podia bater a equipa de Bobby Charlton e George Best e dar à volta ao resultado na partida em Lisboa.
"O treinador entrou no balneário e disse-nos: se vocês eliminarem o Manchester, dou 20 contos (hoje 100 euros) a cada um. Mas a verdade foi só uma: ganhámos e ele teve de dar os 20 contos a cada um, o que era muito dinheiro, porque nós ganhávamos 3,5 contos", declarou Hilário.
Pedro Gomes, com 73 anos, elogiou a iniciativa do Sporting, recordando que foi preciso passarem 50 anos para se fazer uma homenagem à equipa vencedora das Taça das Taças, admitiu que houve "alguma felicidade" na partida com o Manchester, porque "eles foram para o Estoril comemorar e não treinaram", aproveitando para dar uma imagem da "linguagem da época", que servia também de fonte de inspiração.
"Já os ‘mamámos’, já os comemos, essa era a nossa linguagem e vale a pena ser recordada", brincou Pedro Gomes, para ilustrar a felicidade com que foram encarados os bons resultados da equipa.
Depois de Alexandre Baptista lembrar que logo após o resultado em Manchester, no avião da TAP encarava-se com otimismo o jogo da segunda mão, dizendo: "não vale a pena preocuparem-se, o que é isso de uns bifes [caracterização depreciativa dos ingleses], para o leão", Mário Lino comentou os comentários que se fizeram depois dos 5-0 de Alvalade.
"Os nossos vizinhos da segunda circular diziam que tínhamos ganho aos padeiros, mas no ano a seguir tiveram azar, foram jogar com os padeiros e levaram cinco", brincou.
Ribeiro Cristóvão fez a apresentação da equipa de há 50 anos, lembrando jogadores como o ponta de lança Figueiredo, um dos "melhores marcadores" da época, que rematava 40 ou 50 vezes à baliza e concretizava dois ou três por jogo.
Já quase no final, desafiado a dizer quais os defesas que mais gostava de defrontar, Figueiredo apontou os dois do Benfica, "o Germano e o Mário Coluna", riu-se e passou a questão seguinte.