LC/Final: Tiago, um utilitário “topo de gama” no meio-campo do Atlético

“Coragem e coração” foi o mote escolhido pelos “colchoneros” para o dérbi de Madrid, no Estádio da Luz, e o futebolista natural de Viana do Castelo personificou em campo muito desse lema, apesar de ter sido batido nas jogadas de dois dos golos que deram o 10.º título europeu ao Real, por 4-1, após prolongamento.

O treinador argentino Diego Simeone confiou a Tiago uma missão, sobretudo, defensiva, entregando-lhe, inicialmente, a zona esquerda do meio-campo madrileno, fazendo dupla com Gabi, que ocupava os espaços do lado oposto.

Sem oponente fixo, o médio de 33 anos tanto tentava assegurar a cobertura ao “10” Modric, os avanços do “trinco” Khedira e dos avançados que surgiam no seu “local de trabalho”, casos do compatriota Cristiano Ronaldo, do galês Gareth Bale ou do francês Karim Benzema.

Depois de uma tentativa falhada de abertura para Juanfran, para a ala direita, aos 15 minutos, Tiago foi surpreendido, nove minutos depois, por uma arrancada de Cristiano Ronaldo, mas conseguiu recuperar a tempo, de tal forma, que ainda “roubou” a Bale a oportunidade de rematar à baliza.

Aos 32 minutos, Tiago teve novo deslize, entregando na zona central a bola a Bale, que desperdiçou a melhor oportunidade de golo da final até então. De imediato, o médio luso pediu desculpa pelo erro, nomeadamente ao lateral brasileiro Filipe Luis.

Pouco depois, o argentino Diego Godín marcou o golo inaugural, aproveitando o adiantamento do guarda-redes “merengue” Iker Casillas, numa altura em que Tiago também estava na área madridista, trocando de funções com Bale, que vigiava o português.

Depois dos festejos, o médio, que já se sagrou campeão nacional em Espanha, Inglaterra e França, impediu, com um corte de cabeça, que o livre do argentino Angel Di Maria chegasse à área de baliza do Atlético.

Na segunda parte, o médio “colchonero” começou a ocupar uma zona ligeiramente mais recuada do terreno, com Koke a surgir mais no “miolo” do terreno, assumindo-se ainda como “voz de coordenação” com os defesas centrais, Miranda e Godín, garantindo a cobertura defensiva, para liberdade de Gabi.

Antes de se deparar com Isco, que substituiu o alemão Sami Khedira no Real Madrid, evitou cometer falta sobre Di Maria, num lance em que o argentino acabou por ser travado ilegalmente, permitindo que Ronaldo testasse o remate num livre direto.

A sua função de “utilitário” retirou a Tiago um grande protagonismo individual, que o vianense fez por merecer, como foi notório no corte de “carrinho” impecável à tentativa de desmarcação do compatriota Fábio Coentrão a Ronaldo, quando faltavam jogar 32 minutos da segunda parte, ou quando perturbou o cabeceamento bem-sucedido do madeirense, aos 83.

No canto que resultou no empate do Real Madrid, Tiago, que raramente ficou preso a marcações nas bolas paradas, foi o último homem a ser batido pela investida fulminante de Sergio Ramos, ficando nas costas do defesa central.

O posicionamento em campo de Tiago é uma “lição”, assim como o seu desportivismo, ilustrado com o cumprimento a Ronaldo, depois de o compatriota escorregar ao ensaiar um remate, já durante o prolongamento.

Pouco depois, o médio português foi uma das três “vítimas” da velocidade de Di Maria, no lance que resultou no golo de Bale, aos 110. Tentou redimir-se, quatro minutos depois, “alvejando” a baliza “merengue” já sem Casillas, que tinha saído extemporaneamente, mas o remate à meia volta saiu por alto.

Marcelo aproximou o Real da desejada 10.ª aos 118, numa altura em que Tiago já demonstrava dificuldades físicas, antes de Ronaldo “selar” o triunfo e a goleada “merengue”.

Terminado o encontro, foi rapidamente saudado pelo guarda-redes dos "merengues" Diego López e por Sérgio Ramos.