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Comunicação: A difícil tarefa de contrariar os adeptos

A convivência entre públicos internos e externos nem sempre é fácil. Por vezes, os últimos esperam dos primeiros aquilo que estes não estão em condições de oferecer. Outras vezes, quem trabalha numa qualquer organização não se mostra capaz de honrar as expectativas de quem espera algo do lado de fora.

Comunicação: A difícil tarefa de contrariar os adeptos

No futebol tudo isto ganha uma particular relevância pelo lugar central que os adeptos ocupam. São eles que geram receitas. Quer porque compram bilhetes e outros produtos, quer porque são ‘vendidos’ enquanto público e audiências. Eles são uma peça fundamental na criação do espetáculo que também é uma partida de futebol.

Em recente entrevista ao site Maisfutebol, Carlos Queiroz chegou a afirmar que chegaria o dia em que as assistências nos estádios seriam remuneradas, tal a importância que têm na construção do produto televisivo. Mesmo que me pareçam um exagero, as convicções do selecionador do Irão são sintomáticas da importância de quem apoia.

Para além disto, importa refletir sobre o grau de empenho dos adeptos em relação ao clube. Tenho para mim que a presença nos estádios pode ser um bom indicador. A deslocação paga de uma qualquer pessoa a um recinto desportivo só pode ser vista como um sinal de grande apreço. Ora, partindo desta convicção, como é que devem ser geridos os conflitos gerados no estádio, entre quem joga ou treina e quem paga para assistir?

Parece-me óbvio que não há uma fórmula única, até porque as contestações, os públicos e as organizações não são todas iguais. Protestar contra uma forma de jogar é uma coisa, lutar contra uma figura em particular é outra, por exemplo. Mas todas as soluções precisam de bom senso e conhecimento. Sendo certo que importa ao clube não mudar o seu rumo estratégico de cada vez que há reclamações, também é fundamental não negligenciar a opinião de quem paga e vive o futebol da forma mais espontânea possível e por longos períodos de tempo.

Recentemente, o FC Porto respondeu aos assobios dos adeptos ao jogar implementado por Julen Lopetegui. Fê-lo de forma muito simples, através de uma mensagem visível na sala de conferências de imprensa. Enquanto organização, o clube procurou trocar a contestação pelo apoio através de um simples «Enquanto se canta não se assobia». Esta foi uma estratégia menos invasiva, porventura menos suscetível a criar atritos. Já José Mourinho foi mais agressivo em relação aos adeptos do Chelsea e a estratégia não resultou. O próprio treinador português reconheceu que pode ter sido excessivo quando criticou o ambiente de Stamford Bridge. Estes dois exemplos mostram quão delicado é este terreno.

Apesar dos muitos desafios que as reações a críticas dos adeptos colocam, os clubes não devem abdicar de tentar dizer alguma coisa. De um simples reconhecimento de erros próprios a pedidos de maior apoio, a solução está no bom senso contextualizado. E para isso é fundamental compreender o que está no coração de quem vive o futebol apenas pela paixão pelo jogo e pelo clube. Assim sendo, qualquer fórmula de reação terá sempre de levar em conta o contexto e a cultura da organização.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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