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Bloco de notas: A Bundesliga precisa de um Borussia forte

Quando Pep Guardiola foi anunciado como treinador do Bayern Munique escrevi que a afirmação da Bundesliga enquanto marca tinha chegado mais cedo. A contratação de um dos treinadores mais mediáticos do Mundo aconteceu durante um dos momentos altos do futebol alemão. Borussia e Bayern já estavam com um pé e meio na final da Liga dos Campeões, disputada em Wembley. Tudo se conjugava, portanto, para colocar a Liga Alemã nos píncaros mediáticos e desportivos.

Bloco de notas: A Bundesliga precisa de um Borussia forte

Dois treinadores germânicos ao leme de duas formações também elas da Alemanha tinham superado as duas maiores potências espanholas. Quando já todos falavam de um ‘El Clásico’ com tons milionários, Borussia e Bayern arrasaram Real Madrid e Barcelona, respetivamente.

A supremacia foi tal que não havia volta a dar: o campeonato alemão tinha entrado, aparentemente de forma duradoura, para o pódio dos melhores do Velho Continente. O ‘Calcio’ italiano foi o sacrificado, como já tive oportunidade de escrever. A sempre competitiva Premier League inglesa e a então dicotómica La Liga espanhola passaram a ter a companhia de uma potência desportiva que resultava de um projeto nacional de renovação do futebol local. E os media já não podiam ignorar o poderio teutónico.

O projeto, por ser partilhado, tinha a saudável preocupação de promover a competição sustentada. Os responsáveis cedo perceberam que precisavam que o espetáculo e as condições fossem justas. Aí estava um dos seus pontos de diferenciação, a justiça, ao qual se soma a formação. Das duas, uma: ou a Alemanha colocava todas as suas fichas numa espécie de Barcelona-Real Madrid que, por si só e graças a uma liga desequilibrada, garantiria que dois concorrentes tornavam interessante a luta até ao fim, ou apostava na muito mais saudável imprevisibilidade do campeonato, à moda alemã. A aposta na última hipótese foi evidente e os recursos bem distribuídos, como qualquer pesquisa provará. Mas terá sido suficiente?

A Bundesliga tinha já um tubarão entre peixes mais ou menos graúdos. O Bayern levava um grande avanço no caminho para o crescimento. A esperança de oposição residia em Dortmund. O bom futebol destes últimos, aliado às suas jovens estrelas e ao seu muito carismático treinador, garantiam que o título não estava, logo à partida, entregue.

Mas esta fundamental condição para o interesse da competição tem vindo a recuar. As investidas dos bávaros no plantel às ordens de Jurgen Klopp privaram o Borussia de atletas como Gotze e Lewandowski, por exemplo. Para além disto, as muitas lesões de peças-chave (a ausência de Gundogan foi sintomática) também têm dificultado a continuação do fantástico trabalho da formação da Vestefália. A tudo isto soma-se, como é claro, piores momentos de forma.

Com 14 jornadas disputadas, o Borussia encontra-se nos últimos lugares do campeonato. Ninguém podia prever maior surpresa. E perto de si estão os históricos Hamburgo e Estugarda. Entre estes três clubes estão 19 títulos do principal campeonato local. Em sentido contrário, o Bayern lidera com mais sete pontos que o segundo classificado, o Wolfsburgo.

Ora, esta falta de competitividade prejudica a marca que estava a ganhar o seu espaço próprio, ainda por cima com contornos de grande qualidade. O interesse é necessariamente menor e as conquistas de quem domina hegemonicamente menos valorizadas, o que mostra que ninguém sai reforçado. Um produto que tinha tudo para ser 'premium' pode passar facilmente para uma categoria mais vulgar, longe do topo. Nenhum grande campeonato sobrevive como tal apenas com uma grande equipa. A decadente Série A italiana da omnipotente Juventus é um exemplo. A não seguir, claro!

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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