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Sporting: É tudo uma questão de liderança

A 'Guerra Fria' entre Marco Silva e Bruno de Carvalho promete ser um extraordinário caso de estudo para quem se interessar pelas Ciências da Comunicação. Como se torna óbvio, é um exemplo de péssima gestão de comunicação, nomeadamente por parte do último.

Sporting: É tudo uma questão de liderança

A começar na escolha da rede social Facebook para criticar a derrota por 3-0 em Guimarães, passando pelo ensurdecedor ‘blackout’ e terminando (por agora) na mais fraca tentativa de ‘spin’ de que há memória. Sim, porque aquilo que José Eduardo protagoniza, para além de difamação, é um risível esforço para envenenar a comunicação e criar perceções favoráveis a Bruno de Carvalho.

Algumas consequências para a organização Sporting já foram abordadas pelo David Carvalho, no texto da semana passada. Texto esse que terminou com um parágrafo sobre a liderança do atual presidente do clube de Alvalade. A conclusão não podia ser mais acertada. Bruno de Carvalho concebe a liderança enquanto forma de autocracia. É um novo líder velho, cheio de táticas e tiques do passado. Ou então, como já muitos disseram, é apenas um tipo da claque que, por acaso, também é presidente do Sporting.

O conflito com Marco Silva é o primeiro grande teste à liderança de Bruno de Carvalho. Não porque esteja formalmente em causa, mas porque tem tudo para revelar se ele é ou não um verdadeiro líder. E, para já, as conclusões são francamente negativas. O atual presidente do Sporting prometia dar corpo à afirmação que o clube precisava, depois de anos e anos sem uma voz de comando. E os exageros que foi cometendo ao longo do caminho – ao criar demasiadas frentes de batalha, por exemplo – pareciam ser consequência da necessidade de afirmação que a própria organização sentia.

Para além disto, Bruno de Carvalho conseguiu uma contratação bandeira absolutamente admirável. Falo de Nani, claro está. Ainda assim, apesar das coisas positivas, boa parte do crédito que foi acumulando tem sido severamente danificado pela crise institucional com o treinador.

É pública a vontade que Bruno de Carvalho tem para despedir Marco Silva. Tal como são públicas as reticências que a indemnização coloca a esse intento. À falta de justa causa, procura-se desgastar a imagem do treinador para se conseguir um acordo financeiramente favorável. José Eduardo é apenas o mensageiro que, para infelicidade do presidente, se tem revelado um tremendo erro de ‘casting’.

A falta de reação do Sporting da 'era dos comunicados' apenas confirma tudo isto. Mas a grande questão é a seguinte: Bruno de Carvalho é um presidente que não consegue despedir um treinador por ele escolhido. E é aqui que a sua liderança sai mais beliscada. Na hora de tomar uma decisão à moda de Sousa Cintra, por exemplo, Bruno de Carvalho expõe-se publicamente como estando de mãos atadas por culpa própria. Na hora de agir, Bruno de Carvalho apenas consegue gerar péssima comunicação. Ainda por cima através de terceiros.

Em contraste, Marco Silva tem sabido capitalizar os ataques, com o seu silêncio e a sua curta reação após o jogo da Taça da Liga. O treinador é visto publicamente como tendo os jogadores do seu lado, para além dos adeptos. E, em tempo de crise institucional, essa é a maior prova da sua liderança. Uma liderança forte que está a ser atacada por uma liderança surpreendentemente fraca. Os despojos desta guerra prometem ser muito relevantes.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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