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Quem quer a Taça da Liga?

Este texto partilha o título com um outro que escrevi há quase três anos. O que revela a sempre adiada afirmação de uma competição que já vai na sua oitava edição. E que pelo caminho perdeu os seus principais patrocinadores e o eventual interesse financeiro que chegou a suscitar. O único que despertou, em boa verdade.

Quem quer a Taça da Liga?

As pequenas polémicas sempre fizeram parte da Taça da Liga. O diferendo que no ano passado opôs FC Porto e Sporting, por conta do atraso dos primeiros, foi uma das mais significativas. Esta levou a que um dos chamados ‘grandes’ do futebol português – aqueles que a prova nem tenta disfarçar que beneficia logo 'a priori' – a desvalorizasse pela recusa em usar os principais jogadores da equipa principal. Curiosamente, o FC Porto também nunca teve estima pela competição. Tal como todos os clubes, com a exceção dos que já a venceram (Vitória de Setúbal, Benfica e Sp. Braga).

Ora, assim sendo, para que serve a Taça da Liga? Para que serve uma prova que não traz benefícios aos cofres dos clubes nem às suas equipas? Para que serve uma taça que aparentemente não interessa a ninguém? Desportivamente, a competição é limitada, pela desvalorização assumida e pelo recurso a segundas escolhas. Como hoje não compensa financeiramente, poucos clubes a definem como prioridade. Para além disto, decorre em cenários invariavelmente vazios.

Olhando para o número de espetadores que a Taça da Liga tem atraído esta temporada, o cenário é absolutamente desolador. É verdade que esta é uma praga do futebol português. Uma praga que impede qualquer evolução, mas que parece ser esquecida por quem a dirige.

Ainda assim, haver um jogo de Taça entre duas equipas do escalão principal com 500 pessoas no estádio é assustador (o Estoril 3 – 0 Gil Vicente, de 13 de janeiro, contou com 506 adeptos no António Coimbra da Mota, segundo dados da Liga Portuguesa de Futebol Profissional). Para além disto, a partida com maior número de espetadores – vitória caseira do Benfica frente ao Nacional, por 1 – 0 – não foi muito além das 15 mil pessoas. Eram 15 mil adeptos num estádio com capacidade para mais de 60 mil.

Chegou a avançar-se a ideia de que seria o trampolim ideal para os jovens jogadores portugueses. Este objetivo seria a sua âncora, a sua razão de ser. Contudo, esta intenção absolutamente louvável e desejável esbarra em dois tremendos pormenores. Em primeiro lugar, os clubes portugueses contam com poucos jogadores nacionais nas suas equipas. Em segundo lugar, são poucos os clubes portugueses que apostam no futebol de formação e que não sentem relutância em assumir essa aposta.

Há algo que não é possível deixar de referir: o caos em que a Liga caiu ajudou na aceleração da decadência de uma prova que nunca conquistou grande interesse. Desde logo pela falta de capacidade em encontrar um patrocinador para assumir o nome da competição. Ainda assim, nunca houve um esforço para a valorizar. Tal como não há em relação a qualquer outra competição. A Taça de Portugal aguenta-se à custa da tradição (o facto de apenas a final ser transmitida em sinal aberto é, no mínimo, muito mau) e o campeonato sobrevive num equilíbrio ténue entre clubes que sobrevivem e clubes que monopolizam. A Taça da Liga apenas é a face mais visível da falta de estratégia do futebol nacional.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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