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Bloco de notas: Quando o blackout já não faz sentido

O 'derby do silêncio', é assim que a comunicação social está a chamar ao Sporting-Benfica de amanhã. Uma das razões prende-se com a decisão do Sporting em não falar aos media desde os mais que públicos desentendimentos entre Bruno de Carvalho e Marco Silva. Uma estratégia errada. Em pleno século XXI já não faz qualquer sentido utilizar o método do blackout.

Bloco de notas: Quando o blackout já não faz sentido

Antes de mais, convém contextualizar o que é isto do blackout.

É uma decisão, por parte de determinado clube, em cortar qualquer via de comunicação, seja através de declarações ou comunicados, com a comunicação social. Uma técnica muito utilizada durante os anos 80 e 90 do século passado (principalmente no FC Porto). Felizmente, o futebol português, nos últimos 15 anos, tornou-se mais profissional e o blackout foi sendo cada vez menos utilizado.

Infelizmente, algumas vezes, lá se recorre a ele. É o que se está agora a passar com o Sporting. Desde os desentendimentos, que foram públicos, entre Marco Silva e Bruno de Carvalho que os leões decidiram não prestar quaisquer declarações à comunicação social. Embora seja uma atitude legítima, penso que é um erro do Sporting.

Em pleno século XXI, numa era em que a comunicação faz toda a diferença, não faz sentido voltar à chamada 'lei da rolha'. É importante que os clubes saibam relacionar-se com os jornalistas porque, se estes precisam dos clubes para poderem desenvolver o seu trabalho, os clubes também necessitam dos profissionais da comunicação social para promover as suas ações e fazer passar determinada mensagem.

A comunicação é uma ferramenta essencial também no futebol. É reconhecido por todos que uma das características mais fortes de José Mourinho é a forma como este utiliza a comunicação ou os chamados 'mind games'. Quando, na véspera de um jogo, uma das partes consente em estar calada, acaba por dar mais condições de sucesso ao adversário (saiba este comunicar) já que a única mensagem que passa é a dele, o que o coloca numa posição de destaque, para o bem ou para o mal.

Os adeptos, sendo o ativo mais importante de cada clube, têm também o direito de saber o que se passa no mesmo e o que jogadores, dirigentes e treinadores pensam sobre determinado assunto. Remeter-se ao silêncio não é boa prática, até porque ao comunicar consegue-se trabalhar a mensagem que se quer passar cá para fora. Nestas coisas há sempre uma fonte que diz algo a um jornalista e estando o clube oficialmente em silêncio mais difícil será contrariar o que foi dito.

Em geral, o blackout é sempre utilizado em momentos de maior tensão, o que contraria todas as regras da comunicação, já que numa gestão a comunicação deve ocorrer o mais brevemente possível, de forma a não se deixarem espalhar rumores negativos que podem vir a ser muito prejudiciais.

É pena que os clubes portugueses ainda não tenham entendido isso. No caso do Sporting é ainda mais difícil de entender já que Marco Silva é um dos treinadores que melhor comunica em Portugal.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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