loading

Sporting: Novo treinador, velhos hábitos

Ano novo, vida nova. É o adágio que se costuma utilizar no final de cada ano civil, esperando que o novo ano traga uma vida melhor. No futebol os ‘timings’ são ligeiramente diferentes e o novo ano começa em julho com o início da pré-época. É nessa fase que se corrigem os erros da temporada anterior, que se renovam as esperanças e que se aguarda por novas conquistas. No Sporting, no entanto, nem sempre uma nova temporada é sinal de mudança. O “caso Carrillo” é disso exemplo.

Sporting: Novo treinador, velhos hábitos

É indiscutível que os clubes de futebol, para além de serem organizações desportivas, têm também uma componente financeira. Hoje um clube tem de ganhar títulos, mas também deve ter a capacidade de saber equilibrar as suas contas de forma a não acumular passivos que o podem prejudicar a médio prazo. Como tal, no início de cada época, e tendo sido feito o balanço da temporada anterior, é desejável corrigir tudo aquilo que de mal se fez anteriormente. Alguns clubes, fruto da competência e do ‘know-how’ dos seus dirigentes, conseguem-no fazer, outros, infelizmente, repetem os mesmos erros com demasiada frequência.

Tem sido muito assim no Sporting. Todos ainda se lembram da época passada e das polémicas que assolaram o clube de Alvalade. Da saída de Marco Silva aos desentendimentos entre Jefferson e o presidente Bruno de Carvalho foram muitos os episódios extra-desportivos que marcaram a vida dos leões.

Este ano, apesar de ainda só estarmos no início da temporada, as situações polémicas repetem-se. A mais recente prende-se com a renovação de André Carrillo. Segundo algumas notícias, o extremo peruano estará a dificultar o processo de renovação com o Sporting. Situação que parece irritar o presidente Bruno de Carvalho, que terá dado indicações a Jorge Jesus para não utilizar mais o jogador até que este renove. Como podemos perceber, são muitas as dúvidas sobre o processo.

VISITE O BLOGUE MARCAS DO FUTEBOL

No entanto, como se costuma dizer, contra factos não há argumentos e Carrillo ficou incompreensivelmente na bancada no jogo para a Liga Europa contra o Lokomotiv de Moscovo que os leões acabaram por perder por 3-1. Jesus, confrontado no final do jogo com tal decisão, não disfarçou o incómodo, dando a entender que a situação do peruano não seria da responsabilidade dele.

Mais uma vez, algo está a falhar em Alvalade. É lógico que a direção deve acautelar os interesses da instituição, mas por muito que Bruno de Carvalho não goste da atitude do jogador não é aconselhável que prejudique o andamento desportivo da equipa. Nesta fase da época, Carrillo é o jogador em melhor forma no Sporting. Privar a equipa do seu contributo na véspera de um jogo importante para a Liga Europa é, no mínimo, criticável. Recordo que esta situação já se verificou na época passada com Jefferson. Na véspera do jogo com o Benfica, Jefferson foi retirado do grupo de trabalho por supostas divergências com o presidente. Um jogo que acabou por hipotecar as hipóteses do Sporting em ser campeão. Passado algum tempo o braço de ferro desfez-se e Jefferson voltou ao grupo de trabalho com se nada se tivesse passado.

Estas situações não só prejudicam o trabalho do treinador como também minam a confiança do grupo de trabalho. Por muito que se diga que os jogadores estão tranquilos e a trabalhar com o intuito de ganhar jogos, nem sempre é verdade. Carrillo não deixa de ser um colega e os próprios atletas leoninos reconhecem a importância do peruano na equipa. Nenhuma organização sai fortalecida com guerras internas e é isso que Bruno de Carvalho, ano após ano, não consegue entender.

É natural que o presidente de uma organização faça valar a sua vontade - afinal é ele que paga os ordenados -, mas é também desejável que tenha bom senso e que demonstre capacidade de liderança. Se Carrillo está no fim do seu contrato de trabalho, tendo por isso hipóteses de sair livre, é porque alguém ou algo falhou nas negociações, não sendo a culpa só do jogador. Carrillo até poderá prolongar o vínculo ao Sporting, mas o mal está feito e o episódio que passou cá para fora não ajudou em nada o grupo a fortalecer-se.

Não basta contratar Jorge Jesus e esperar que a competência do técnico português dê frutos, também é essencial que os dirigentes leoninos mudem certos comportamentos. Para já o que se verifica é que em Alvalade o ano novo trouxe… uma vida velha.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Roger Schmidt tem condições para continuar no Benfica?