As lições que o mundo do futebol pode retirar do Mundial de râguebi

Costumo dizer que copiar os bons exemplos não é sinónimo de fraqueza, mas sim de inteligência. Quando olhamos mais atentamente para aquilo que está a ser feito no râguebi e verificamos o sucesso do Mundial, percebemos que muitos ensinamentos podem ser retirados de uma modalidade que tem vindo a crescer.

As audiências

Engane-se quem acha que o Mundial de râguebi não é seguido por muitas pessoas. Este é um evento global que tem cada vez mais seguidores. Nesta edição de 2015, o Mundial foi transmitido para as televisões de 200 países, com uma audiência potencial de quatro mil milhões de telespectadores. Uma enormidade!

A bilheteira

Neste particular o Mundial de râguebi está quase ao nível do futebol. A organização da prova calcula que cerca de meio milhão de estrangeiros entraram em Inglaterra para assistir aos jogos do campeonato. O recorde de bilhetes vendidos pertencia ao Mundial de França, realizado em 2007, com 2,19 milhões de entradas. Os números finais da atual edição ainda não são conhecidos – até porque a final só se joga hoje - mas prevê-se que o recorde anterior venha a ser batido com 2,48 milhões de bilhetes vendido nos 48 jogos desta competição. Um número só ultrapassado pelos Mundiais de futebol. Números que provam o sucesso desportivo da competição e o interesse que a modalidade desperta.

Valores como o respeito

Embora o râguebi seja um jogo com muito contacto físico, muito mais do que no futebol por exemplo, verificamos que existe um maior respeito entre os jogadores. Infelizmente algo a que nem sempre podemos assistir no desporto-rei. É comum, no râguebi, os vencedores, no final do jogo, aplaudirem os vencidos e raramente as derrotas são justificadas com erros de arbitragem ou com fatores externos ao próprio jogo.

Arbitragens transparentes

O râguebi é das poucas modalidades onde os árbitros recorrem à ajuda das imagens de vídeo para tomar algumas decisões. Neste Mundial, por exemplo, todos os árbitros estão equipados com um microfone e uma câmara de vídeo, o que leva a que, durante o jogo, os espectadores possam ouvir o diálogo entre o árbitro e os jogadores. No futebol nada disso acontece, muito pelo contrário as arbitragens estão envolvidas, com demasiada frequência, em polémicas e em tomadas de decisões pouco transparentes. A dúvida sobre a honestidade ou a competência do árbitro paira sempre no ar, o que acaba por prejudicar a modalidade. Nesta vertente, no futebol, muito está ainda por fazer. É muito raro um jogador de râguebi contestar a decisão do árbitro, até porque a tomada de decisão é clara e quase sempre bem comunicada.

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O futebol precisa de transformação. É, obviamente, essencial manter a essência do jogo, mas é também imperativo adaptá-lo às novas realidades. O râguebi percebeu isso há muito tempo e, fruto da coragem e da capacidade de adaptação dos seus dirigentes, tem conseguido cada vez mais adeptos.

Os casos de corrupção que rodeiam a FIFA e a UEFA só têm prejudicado o futebol. É cada vez maior o número de pessoas que olha para o desporto-rei com desconfiança. Não é preciso inventar nada, basta ver aquilo que outras modalidades, como o râguebi, têm feito. Nem todos os procedimentos poderão ser copiados, até porque cada modalidade tem as suas próprias características, mas muitos deles podem ajudar a engrandecer um desporto que continua a ser ainda o mais amado em todo o mundo.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.