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Lopetegui-Peseiro: Uma sucessão mal comunicada

A saída de Julen Lopetegui do comando técnico do FC Porto não foi uma surpresa. O treinador basco não resistiu a uma breve crise de maus resultados porque nunca ganhou crédito suficiente para isso. O seu futebol foi quase sempre pobre, fugindo muitas vezes para o paupérrimo. Por isso a sua saída foi natural. O processo de substituição de Lopetegui é que foi anormal para um clube grande, sobretudo para uma organização desportiva com a reputação do FC Porto.

Lopetegui-Peseiro: Uma sucessão mal comunicada

Nas duas semanas que intermediaram a saída de Julen Lopetegui e a entrada de José Peseiro muitos nomes foram apontados ao FC Porto. A dada altura, treinadores como André Villas-Boas, Marco Silva e Leonardo Jardim foram dados pelos media como estando muito próximos de assumir o comando técnico dos portistas. Sérgio Conceição chegou a ser dado como certo.

No fim de contas, foi José Peseiro quem assumiu o destino dos dragões, com o seu nome a ganhar dimensão mediática apenas na noite que antecedeu a confirmação da sua entrada no FC Porto.

Não sei se Peseiro foi ou não primeira opção. Parece-me normal que tenha sido, mesmo que o seu nome tenha coincidido com outros na demanda da SAD portista por um novo técnico: afinal, Peseiro é um dos mais reputados treinadores portugueses, sobretudo entre pares. Também me parece natural que um clube procure aferir várias possibilidades ao mesmo tempo, daí que não classifique como meramente especulativa a torrente de nomes que foi surgindo. O que já é de estranhar é a ineficácia do FC Porto em agir sobre essa torrente de nomes que é negativa para a organização e para o novo treinador.

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A demora na apresentação de José Peseiro e o avolumar de eventuais candidatos ao cargo que agora é ocupado pelo antigo técnico do Al-Ahly são golpes consideráveis na reputação da estrutura do FC Porto. E são claramente exponenciados pela seca de títulos de um clube habituado a ganhar algo todos os anos.

Como escrevi no Marcas do Futebol, hoje parece claro que a organização FC Porto não estava preparada para uma substituição rápida de Lopetegui, que os portistas não tinham um plano B. E isto surpreende porque nos habituámos a ver no FC Porto uma muito hábil organização, sempre com 'algo na manga': se havia clube que todos acreditavam ter uma estrutura montada para reagir rápida e eficazmente a qualquer adversidade era o presidido por Jorge Nuno Pinto da Costa. Em organização, só a mais recente estrutura do Benfica de Luís Filipe Vieira parecia conseguir rivalizar com uma máquina montada há mais de 30 anos e sucessivamente testada com sucesso. Ora, a inabilidade em controlar o fluxo de informação mostrou falhas evidentes e pouco consentâneas com a reputação criada.

A torrente de nomes apontada ao FC Porto foi acompanhada por silêncio por parte do clube. Nunca este procurou explicar o processo de sucessão de Lopetegui, nunca este soube reagir ao desfile de hipóteses. E era importante que o fizesse. Afinal, se o nome estava escolhido há muito bastava negar as possibilidades aventadas pelos meios de comunicação social. Se não estava, importava comunicar que o clube se mantinha em controlo da situação, procurando alguém capaz de garantir triunfos e bom futebol. O silêncio era a pior opção, pois só podia ser encarado como ausência de controlo dos próprios destinos e como impreparação.

Hoje parece claro que o FC Porto reconhece estas falhas, bastando atentar na entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal. O presidente do FC Porto foi respondendo ao que escrevi acima: Peseiro foi primeira opção e os outros nomes mera especulação. O problema é que as respostas vieram com vários dias de atraso. Entretanto, o rótulo de segunda escolha está colado a José Peseiro e a estrutura do clube é crescentemente desafiada em público. Tudo isto torna demasiado urgente o sucesso imediato do novo treinador para a estrutura do FC Porto. Um novo falhanço desportivo significará um sinal inequívoco de falta de vitalidade de uma organização que resistiu mais de três décadas com bons resultados. Uma sucessão recente e recorrente de imagens negativas é quanto basta para alterar uma reputação, mesmo que esta esteja cimentada pelo tempo.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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