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Futebol na China, um jogo de magnatas ambicionado pela liderança comunista

Jiangsu Suning e Guangzhou Evergrande Taobao, os clubes da China que abalaram o mercado do futebol, ostentam ambos os nomes de grandes firmas chinesas, ilustrando um modelo de gestão comum às principais equipas do país.

Futebol na China, um jogo de magnatas ambicionado pela liderança comunista

Fundado em 1990 por Zhang Jindong, um dos homens mais ricos da Ásia e membro do principal órgão de consulta do Governo e do Partido Comunista da China (PCC), o grupo Suning é especializado no retalho de eletrodomésticos.

Em dezembro passado, comprou o Jiangsu Sainty, nono classificado da Superliga chinesa, a uma empresa de têxteis com o mesmo nome.

Entretanto, o clube foi rebatizado Jiangsu Suning, e o emblema gravado em azul - o carater chinês ‘Xun’, nome de um dos primeiros imperadores da China - deu lugar a um leão amarelo.

As alterações mais sonantes, contudo, escreveram-se em português: os brasileiros Alex Teixeira e Ramires reforçaram a equipa e protagonizaram, respetivamente, a primeira e terceira contratação mais cara de sempre na China.

Alex Teixeira disse adeus ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, num negócio avaliado em 50 milhões de euros, enquanto Ramires, que já passou pelo Benfica, foi comprado ao Chelsea por cerca de 30 milhões.

Pelo meio, o Guangzhou Evergrande Taobao, campeão chinês, deu nas vistas ao comprar ao Atlético de Madrid o ex-avançado do FC Porto Jackson Martínez, por 42 milhões de euros.

Os principais acionistas do clube são o gigante chinês do imobiliário Evergrande (56,71% das ações) e o Alibaba (37,81%), grupo de comércio eletrónico fundado pelo magnata Jack Ma.

O também colombiano e ex-FC Porto Fredy Guarín assinou pelo Shanghai Shenhua, clube detido pelo Greenland Holding Group, uma empresa de investimentos imobiliários especializada em complexos de arranha-céus.

O Hebei China Fortune, outro ‘peso pesado’ nas transferências, contratou o capitão da seleção dos Camarões, Stephane Mbia, por quatro milhões de euros, e o avançado da Costa do Marfim Gervinho, por 18 milhões.

Hoje, confirmou a contratação do avançado argentino Lavezzi aos franceses do Paris Saint-Germain.

Recém-promovido à primeira divisão chinesa, o Hebei foi comprado no ano passado pelo China Fortune Land Development, grupo especializado na construção de parques indústrias e presidido pelo bilionário Wang Wenxue.

Na China, "o dono do clube é uma empresa, mas o clube não é gerido como uma empresa", explica à agência Lusa o empresário de futebol Pedro Neto, que desde 2011 negoceia a transferência de jogadores para o "gigante" asiático.

Neto explica que, ao contrário do modelo de gestão dos clubes europeus, que visa o lucro, "aqui, a empresa estabelece o orçamento do clube e se esse valor não for ultrapassado, as metas foram cumpridas".

"Não existe rivalidade entre clubes, porque os clubes não têm tradição, mas antes uma rivalidade entre os donos dos clubes", ilustra. "Cada um quer mostrar quem é o mais rico e poderoso".

Mas a ambição dos magnatas chineses no desporto-rei não se limita à China.

Em dezembro passado, a empresa China Media Capital pagou 375 milhões de euros por uma participação de 13% no clube de futebol inglês Manchester City.

O negócio foi anunciado dois meses após o presidente chinês, Xi Jinping, ter visitado as instalações do Manchester City, acompanhado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, durante uma visita oficial a Inglaterra.

Em 2015, o consórcio Wanda Group, cujo presidente, Wang Jianlin, é considerado o homem mais rico da China e está filiado no PCC desde 1996, adquiriu 20% do clube espanhol Atlético de Madrid.

A entrada de grandes grupos chineses no futebol coincide com o desejo de Pequim de converter o país numa potência futebolística à altura do seu poder económico e militar.

Xi assumiu já o desejo de ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.

Segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China figura em 82.º no ‘ranking’ da FIFA, atrás de muitas pequenas nações em vias de desenvolvimento.

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