Uma segunda volta quase perfeita, numa época que até começou mal, embalou o Benfica para a conquista do 35.º título de futebol e o primeiro ‘tricampeonato’ em 39 anos.
O início da época não fazia prever um desfecho tão feliz, até porque que depois de chegar a novo título de campeão, o clube da Luz ainda pode conquistar a Taça da Liga, cuja final está agendada para sexta-feira com o Marítimo.
Há 10 meses, nada fazia antever o atual cenário. O Benfica perdeu para o rival Sporting o seu técnico vencedor, Jorge Jesus, mais o ‘símbolo’ Maxi Pereira para o FC Porto, e a época arrancou ‘emperrada’, com uma pré-época desgastante nos Estados Unidos e resultados iniciais sofríveis.
O primeiro embate, justamente frente ao Sporting, terminou com a derrota na Supertaça (1-0), à qual se seguiu um início de I Liga em que o Benfica à quinta jornada tinha um atraso de quatro pontos e à oitava de oito, com um jogo a menos.
As exibições não convenciam e a perda direta com os rivais (FC Porto à quinta ronda, por 1-0, e Sporting à oitava, por 3-0) colocavam em ‘xeque’ as ambições do Benfica, que, ainda assim, haveria de renascer.
Na Luz, o triunfo dos ‘leões’, numa época em que os dois emblemas não se cansaram de trocar ‘farpas’, desgastou ainda mais as esperanças benfiquistas, habituadas a invencibilidade no seu reduto e que viram o rival igualar o seu melhor resultado de sempre (3-0).
O Benfica chegou, então, ao seu pior período, no frente-a-frente com os rivais perdia – o mesmo aconteceu na Taça de Portugal (2-1, em Alvalade) – e para trás ficara também uma derrota inesperada, a primeira, em Aveiro, com o Arouca (1-0).
Mas, com novembro a chegar ao fim, houve um momento de mudança, a entrada do jovem Renato Sanches no ‘onze’ (a titularidade chegou antes, na ‘Champions’, com o Astana) e a colocação de Pizzi no lado direito do ataque.
Foi um detalhe que revolucionou o futebol dos ‘encarnados’, num plantel castigado por lesões (Nelson Semedo, Luisão, Lisandro López, Júlio César, Salvio, Fejsa e, às vezes, Gaitán), mas que teve o mérito de se reinventar.
Foram muitos os momentos em que o treinador Rui Vitória ganhou as apostas que fez, algumas de risco: André Almeida, Lindelöf, Renato Sanches, Ederson, Carcela a espaços ou Raul Jiménez.
Depois de um ‘nulo’ com o União Madeira, o Benfica terminou e começou o ano com a sua segunda melhor série, oito vitórias seguidas, apenas travadas em nova derrota com um ‘grande’, o FC Porto, na Luz (2-1), a 12 de fevereiro.
É o momento que impede a perfeição na segunda volta, numa fase em que recuperou da sua maior diferença para a frente, para apenas três de atraso relativamente ao Sporting e com mais três do que o FC Porto.
Para trás, em janeiro, ficaram as ‘indelicadezas’ de Jesus para com Rui Vitória, que teria a sua ‘vingança’ em novo confronto: o Benfica venceu em Alvalade (1-0) e assumiu em definitivo a liderança da I Liga, a 05 de março.
O triunfo em Alvalade, o único em quatro jogos com o rival lisboeta, foi a estocada definitiva no ‘leão’, com o Benfica a somar desde então 12 triunfos consecutivos (da 23.ª à 34.ª jornadas) e a chegar a um título que parecia impossível.