O antigo presidente da FIFA Joseph Blatter disse hoje à agência noticiosa AFP que mantém as declarações feitas durante as investigações sobre a atribuição do Mundial de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar).
As declarações do suíço à AFP surgem na sequência da publicação de excertos do denominado ‘Relatório García’, pelo jornal alemão Bild.
O documento em questão, de 430 páginas, foi elaborado pelo norte-americano Michael García, um investigador interno da FIFA, sobre presumíveis irregularidades na atribuição dos mundiais.
«O único comentário que posso fazer é que houve uma fuga de informação, uma vez que só a Comissão de Ética o tribunal interno da FIFA tinha o direito de publicar o relatório», explicou Blatter, que disse que mantém as declarações a esse mesmo órgão, na altura liderado por Hans-Joachim Eckert.
«Mantenho as declarações feitas na altura, uma vez que o relatório García não contém nada que possa colocar em questão a atribuição do Mundial2018 à Rússia e do Mundial2022 ao Qatar», acrescentou o suíço, que abandonou a FIFA sob pressão devido ao escândalo.
O caso gerou uma crise na organização desportiva, que culminou com a demissão do então presidente e detenções de alguns diretores, em maio de 2015, com Blatter a ser banido do organismo por seis anos depois de sair da presidência em dezembro de 2015.
Segundo o Bild, o relatório expõe um pagamento de dois milhões de dólares a uma criança de 10 anos, filha de um membro da FIFA, antes da atribuição do Mundial ao Qatar.
Blatter referiu ainda que 'o que mudou a atribuição do torneio de 2022 foi o voto de Michel Platini', então presidente da UEFA, numa altura em que os Estados Unidos lideravam a votação.
Michael García abandonou a FIFA no final de 2014, por considerar que a leitura de que os dados apresentados não punham as atribuições em questão eram 'parciais e enviesadas'.