FC Porto-Benfica: Um clássico que se ‘joga’ há meses na comunicação social

Ainda não tinha sido dado o pontapé de saída para o campeonato e o já o futebol português entrava em ebulição com a divulgação de correspondência eletrónica do Benfica pelo diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, conhecido como caso dos e-mails.

O funcionário do FC Porto acusou o Benfica de influenciar o setor da arbitragem e apresentou alegadas mensagens de correio eletrónico de responsáveis do rival lisboeta, entre os quais do presidente, Luís Filipe Vieira, e de Paulo Gonçalves, assessor jurídico do clube.

As denúncias feitas no programa Universo Porto da bancada, no canal televisivo do clube, motivaram a abertura de uma investigação por parte do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, pelos crimes de corrupção passiva e ativa.

Paulo Gonçalves foi mesmo constituído arguido, na sequência de buscas da Policia Judiciária ao clube, mas, de acordo com fonte do Benfica, por se tratar de uma exigência do estatuto da Ordem dos Advogados e não por existir “nenhuma suspeita concreta”.

Os e-mails deram origem a um livro, intitulado O Polvo Encarnado, do qual Francisco J. Marques é coautor, apresentado já depois de Luís Filipe Vieira ter admitido que o caso “manchou” a imagem do clube, apesar de ter afirmado também que “não há nem nunca haverá corrupção no Benfica”.

As revelações semanais do diretor de comunicação dos ‘dragões’ levaram o Benfica a pedir ao Ministério Público a emissão de um mandado de detenção em flagrante delito, alegando que os e-mails terão sido obtidos de forma ilícita.

O Benfica utilizou o seu canal televisivo para responder, denunciando no programa Chama imensa pressão e influência efetuada pelo rival portuense junto do setor da arbitragem, no que qualificou de um “novo apito dourado”.

As acusações diárias na Internet, em especial nas redes sociais, muitas vezes com a arbitragem como epicentro, levaram os árbitros a avançarem com pedidos de dispensa, que mantiveram em suspenso a realização da jornada anterior, antes de decidirem observar o prazo regulamentar de 20 dias.

Os juízes exigem a “total ausência de insinuações, da parte de clubes e agentes desportivos, que coloquem em causa a honra e o bom nome dos árbitros” e as incidências do encontro entre o FC Porto e o Benfica pode mesmo ser a prova de fogo para os ‘homens do apito’.

O mais recente capítulo da guerra entre os dois clubes foi a acusação de manipulação de imagens por parte do Benfica de um lance de uma alegada grande penalidade favorável ao FC Porto no jogo com o Desportivo das Aves (1-1), que não foi assinalada.

O verdadeiro clássico está marcado para sexta-feira, às 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto.