O encontro dos ‘quartos’ do Euro2004 em que Portugal superou a Inglaterra nas grandes penalidades (6-5), após uma igualdade 2-2 no final do prolongamento, foi "dramático, inseguro e incerto", recordou à agência Lusa o antigo futebolista Jorge Andrade.
O encontro, provavelmente o mais eletrizante do torneio organizado por Portugal, catapultou e encaminhou a seleção treinada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari até à final, perdida para a Grécia (0-1), no Estádio da Luz, em Lisboa.
"O jogo de Inglaterra tem toda a emoção que nós vivemos no Euro: Drama, insegurança no resultado e incerteza. O talento de vários jogadores, o Rui Costa marca um grande golaço, o [Hélder] Postiga faz um penálti à ‘panenka'. Teve drama e emoção", lembrou o ex-defesa central, totalista nos seis desafios do torneio.
Os britânicos entraram em campo, praticamente, a vencer, face ao golo de Michael Owen (três minutos), mas os lusos conseguiram a reviravolta, por Hélder Postiga (83) e Rui Costa (110), já no prolongamento, antes de Frank Lampard voltar a empatar e levar a decisão para as grandes penalidades.
"Foi um jogo perfeito, de recordar para o fim das nossas vidas. Simboliza o que foi o torneio para nós. Esse jogo com Inglaterra e a defesa do penálti do Ricardo, de ele tirar as luvas, simboliza o que é criatividade e o ser português. Perante a adversidade, mudámos o cenário para favorável", lembrou à Lusa Jorge Andrade, que foi internacional em 51 desafios.
Portugal só não foi capaz de bater na final os gregos, que já tinham derrotado os lusos na fase de grupos – no jogo inaugural -, mas a "demonstração de patriotismo" dos portugueses acabou por transformar a prova num "sucesso tremendo".
"O apoio do público, toda a envolvência do país e a imagem de toda a gente a acompanhar o autocarro da seleção são imagens muitos fortes. As bandeiras na janela, a demonstração de patriotismo que, até ali, Portugal e os portugueses tinham vergonha de pôr uma bandeira. Era impensável, quanto mais apoiar a seleção. Foi um sucesso tremendo", observou o antigo defesa de Estrela da Amadora, FC Porto e Deportivo da Corunha.
Jorge Andrade atuava no emblema amadorense "quando soube que Portugal ia organizar o Euro2004", uma notícia que o levou a traçar um objetivo na carreira.
"Já estava a jogar como profissional no Estrela e disse: Quero lá estar e, por acaso, concretizou-se. Foi um torneio fantástico, o melhor em que estive. E, para além da prestação de Portugal, ao chegar a final pela primeira vez, foi o apoio do público e toda a envolvência do país", revelou.