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José Morais viu Real Madrid a revitalizar-se sob alçada de Mourinho

A passagem de José Mourinho pelo futebol espanhol “reavivou valores que estavam um bocadinho diluídos” no Real Madrid, reconheceu o treinador José Morais, seu adjunto no emblema ‘merengue’, entre 2010/11 e 2012/13.

José Morais viu Real Madrid a revitalizar-se sob alçada de Mourinho

“Quando fomos para lá, o clube não ganhava há anos e começou a ganhar. Acho que o Mourinho deixou um legado para quem chegou. Deixou uma marca dentro do clube, com uma organização, atitude e dinâmica de trabalho que não existia antes, ao ponto de ter quebrado a hegemonia do FC Barcelona”, contextualizou à agência Lusa o técnico.

Em maio de 2009, uma semana depois de ter conquistado a Liga dos Campeões pelos italianos do Inter Milão, em pleno Estádio Santiago Bernabéu, José Mourinho regressou definitivamente à capital espanhola para assinar por quatro épocas com os madrilenos.

“São jogadores, clubes, gestões, mundos e balneários diferentes. Não há comparação possível. Se é mais ou menos fácil? Nem vou por aí. Um líder tem de se adaptar. Perante um envolvimento diferente, ele teve essa capacidade de criar as sinergias necessárias para poder obter sucesso, tendo em conta as possibilidades que ia identificando e aquilo que entendia ser necessário fazer para influenciar cada personalidade diferente”, frisou.

O presidente Florentino Pérez queria ‘esquecer’ uma época sem títulos do Real Madrid, sob alçada do chileno Manuel Pellegrini, que tinha lançado o ‘astro’ Cristiano Ronaldo, então oriundo dos ingleses do Manchester United, ao lado de figuras como Iker Casillas, Sergio Ramos, Marcelo, Xabi Alonso, Kaká, Karim Benzema ou Gonzalo Higuaín.

“Era um balneário de jogadores com grande dimensão e alcance nas relações humanas. Estavam rodeados de gente que nunca mais acabava e interesses intermináveis, entre publicidade, entrevistas e marcas, para lá da alta performance que eram obrigados a ter de cuidar a cada dia. O Mourinho tem um talento natural para gerir todos estes mundos”, admitiu José Morais, “mais liberto” para o trabalho de campo face à estadia em Milão.

No melhor clube mundial do século XX para a FIFA, o setubalense agitou o mercado de transferências com as aquisições de Ángel Di Maria (ex-Benfica), Ricardo Carvalho (ex-Chelsea), Mesut Özil (ex-Werder Bremen) ou Sami Khedira (ex-Estugarda), mas não inviabilizou o ‘tri’ do FC Barcelona, de Pep Guardiola, ao somar 92 pontos, contra 96.

Os catalães afastaram ainda os madrilenos nas meias-finais da Liga dos Campeões, na qual sucederiam ao Inter Milão, mas vacilaram no encontro decisivo da Taça do Rei (1-0, após prolongamento), culpa de um cabeceamento imperial de ‘CR7’, aos 103 minutos.

“A ‘La Liga’ é jogada a uma velocidade incrível. Indescritivelmente, acho que é o melhor campeonato em termos de qualidade de jogo, raciocínio tático, velocidade de tomada de decisão e qualidade dos atletas. Um jogo em Espanha tem público crítico e conhecedor, que aprecia a bola no chão, o drible e a capacidade de reter a bola e ter posse”, notou.

José Mourinho foi mais feliz em 2011/12, quando foi buscar Raphaël Varane (ex-Lens) e juntou Fábio Coentrão (ex-Benfica) aos lusos Ricardo Carvalho, Pepe, Pedro Mendes e Cristiano Ronaldo, conduzindo o Real Madrid ao título de campeão espanhol quatro épocas depois, com um recorde de pontuação de 100 pontos, nove acima dos catalães.

O FC Barcelona, que era encabeçado pelo ‘lendário’ Lionel Messi, secundado por ‘estrelas’ como Xavi Hernández, Andrés Iniesta, Dani Alves, Gerard Piqué ou Carles Puyol, ‘vingou-se’ na Supertaça e nos ‘quartos’ da Taça do Rei, enquanto os alemães do Bayern Munique infligiram nova eliminação aos madrilenos nas ‘meias’ da ‘Champions’.

“Esse ano foi espetacular. Depois de a equipa ter adquirido no primeiro ano aqueles hábitos de trabalho, que, se calhar, já não estava habituada, começou a sentir-se bem e adquiriu tanta fluidez de processos que arrasou. Até o Guardiola pensou em fazer uma pausa na carreira para não perder credibilidade no ano seguinte”, ironizou José Morais.

Com o já falecido Tito Vilanova promovido de adjunto a técnico principal, os ‘culés’ reconquistariam ‘La Liga’ em 2012/13, igualando o histórico máximo pontual do Real Madrid, que se ficou pelos 85, numa época em que ‘Mou’ adicionou Luka Modric (ex-Tottenham) e Diego López (ex-Sevilha) e assumiu que tinha deixado de se sentir feliz.

“Foram três anos em que as cumplicidades ficaram mais fortes. Se a nossa relação já estava numa dimensão grande, foi para outra ainda superior. Ele saiu quando quis, mas sentia que o clube quereria muito que tivesse continuado mais algum tempo”, lembrou.

O Real Madrid perdeu a Taça do Rei para o Atlético de Madrid, numa final realizada no Bernabéu, e somou frente aos alemães do Borussia Dortmund outra eliminação nas meias-finais da Liga dos Campeões, prova que venceria por quatro vezes nas cinco temporadas seguintes, já sem José Mourinho, mas ainda com Cristiano Ronaldo.

“São indivíduos com personalidades fortes. Dentro do que era possível, o José encontrou uma forma de lidar com o Ronaldo, no sentido de tirar o seu máximo rendimento. Não há dúvidas sobre a grande qualidade de ambos, mas em áreas diferentes. Só tenho coisas positivas a retirar deles”, concluiu José Morais, sobre uma relação nem sempre pacífica.

José Mourinho, de 58 anos, vai cumprir o milésimo jogo nos bancos no domingo, na receção da Roma ao Sassuolo, em jogo da terceira jornada da Liga italiana, 21 anos depois da estreia como treinador principal pelo Benfica, em 23 de setembro de 2000.

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