loading

Treinador português ex-adjunto de Solsjkaer encontra projeto estável no Zimbabué

O treinador português Nilton Terroso, que já foi adjunto do ex-técnico do Manchester United Ole Gunnar Solsjkaer, encontrou no Zimbabué um projeto de futebol estável e que “não muda se as coisas não correrem bem desde o início”.

Treinador português ex-adjunto de Solsjkaer encontra projeto estável no Zimbabué

O antigo assistente de Ole Gunnar Solsjkaer é, desde esta época, o responsável técnico dos Bulawayo Chiefs, “um clube com menos de 10 anos” e que “não está habituado a ganhar títulos”, mas que procura dar “os passos certos” para se tornar “numa referência de profissionalismo e organização” no país.

“Para mim, isso era, sem dúvida, a coisa mais importante. Procurava um projeto que me pudesse proporcionar esse tipo de trabalho e não aqueles onde se não está a correr bem logo de início, começa-se de novo”, disse hoje o técnico à agência Lusa, cerca de dois meses depois de assumir o comando do clube africano.

Aos 42 anos, Terroso já orientou equipas no Reino Unido, em Portugal e Moçambique, mas encontrou no Zimbabué a oportunidade de aplicar todos os conhecimentos que adquiriu nas suas formações em "Ciências do Desporto, com especialização em treino e performance de futebol".

“Somos o único clube do Zimbabué com um departamento de ciências desportivas, a olhar, por exemplo, para a nutrição e a monitorização fisiológica dos jogadores. Formar esse departamento é também uma das minhas responsabilidades”, explicou o antigo treinador de Atlético e Olhanense, na II Liga portuguesa.

O técnico português encontrou, então, um clube “disposto a ouvir” o que tem para dizer, as suas “ideias” e que não classifica o trabalho em termos de resultados, valorizando antes o desenvolvimento “em termos de metodologia, conhecimento e estruturação”.

“Ainda são só dois meses, mas as coisas estão a correr bem. Sei que os treinadores vivem sempre de resultados, mas não é assim que classificamos as coisas neste momento. É olhando e vendo que o clube está, realmente, a desenvolver-se e a melhorar em todos os aspetos”, enalteceu.

Mas, uma vez que os resultados da equipa principal são o ‘barómetro’ de qualquer projeto, Terroso procura aplicar não só os conhecimentos que adquiriu na sua formação, na Universidade de Cardiff, como também os que adquiriu no período em que foi adjunto de Solsjkaer, em 2013/14, no clube daquela cidade, que disputava a Premier League.

O norueguês, que orientou até este domingo os portugueses Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Diogo Dalot, tem “uma confiança enorme nas pessoas com quem trabalha” e Nilton Terroso procura imprimir o mesmo 'cunho' à sua própria liderança.

“É a forma de liderar os jogadores e de compreendê-los. Hoje em dia, com as redes sociais, as tecnologias, empresários, dinheiros, o futebol é completamente diferente do meu tempo. Então, aprendi muito com ele a liderar nesse aspeto. Não podes ser tão autoritário como antigamente. Hoje em dia, os jogadores têm muito mais poder”, exemplificou.

Apesar de assumir que “ultimamente ele tem coisa mais importantes para liderar” e que, por isso, não mantém um contacto tão regular com o seu antigo chefe de equipa, como “até ao início da época passada”, Terroso garante que pode contactar Solsjkaer “sem qualquer problema”.

Mas o caminho do português, licenciado em futebol no Reino Unido, que foi adjunto de um norueguês e liderou uma equipa de sub-21 no País de Gales, foi bastante sinuoso até chegar ao Zimbabué, no continente africano.

Passou também por Portugal, pelo Atlético (2015/16) e pelo Olhanense (2017/18), quando apareceu uma “oportunidade de regressar ao país e assumir uma equipa profissional”, o que “sempre foi um objetivo”, mas podia, depois, ter divergido para paragens tão díspares como o Canadá ou a China.

“Estava no Canadá, muito perto de ingressar nos Vancouver Whitecaps, mas quando volto a Portugal recebo uma chamada do Diamantino Miranda, com quem tinha feito amizade quando estava no Olhanense. Queria que fosse como adjunto dele para Moçambique, mas devido à situação logística dele, acabei por ser eu a assumir a equipa principal e por fazer o percurso sozinho”, explicou Terroso.

Há dois anos, o antigo jogador do Benfica era para assumir o comando da Liga Desportiva de Maputo, como treinador principal, mas foi impedido de o fazer por ter sido expulso do país em 2013, quando era treinador do Costa do Sol.

O segundo ano do projeto no clube moçambicano “não foi para a frente devido à covid-19” e Terroso recebeu, então, um convite para ir para a China, mas que foi “adiado também devido à pandemia”.

É então que surgem os Bulawayo Chiefs, “muito por acaso”, quando o "atual diretor de formação dos escoceses do Hibernian" e amigo pessoal de Terroso, Steve Kean, antigo jogador da Académica e da Naval 1.º de Maio, estava de visita ao português, no Algarve, e recebeu uma chamada de um contacto que tinha no clube do Zimbabué.

Satisfeito com o projeto que abraçou, Terroso admite, no entanto, que “treinar na Europa é o objetivo de qualquer treinador”, mas garante que “não é uma coisa que procure fazer já amanhã”.

“Não voltava para qualquer tipo de projeto. Como é óbvio, gostava sempre de voltar a Portugal, de treinar na Europa, mas sei que tenho de desenvolver as minhas capacidades e melhorar dia após dia, para que quando surja o momento e o clube certo possa aproveitá-lo da melhor maneira”, disse o treinador à agência Lusa.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Roger Schmidt tem condições para continuar no Benfica?