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Vilafranquense na Vila das Aves é caso raro, mas cada vez menos

Vilafranquense e Desportivo das Aves são os mais recentes protagonistas num curto historial de processos de fusão entre sociedades anónimas desportivas (SAD) 'dissidentes' e clubes de futebol que caíram em divisões inferiores.

Vilafranquense na Vila das Aves é caso raro, mas cada vez menos

A SAD do Vilafranquense, liderada pelo antigo futebolista Henrique Sereno, tomou a decisão de se separar do clube, alegando falta de condições estruturais, nomeadamente do Campo do Cevadeiro, que obrigou a formação ribatejana a atuar como visitada nos jogos da II Liga em Rio Maior, desde 2019/20.

Face ao ‘divórcio’ entre SAD e, sobretudo, a autarquia local, a sociedade anónima encetou contactos com alguns clubes e anunciou recentemente que vai deixar Vila Franca de Xira e mudar todo o ‘edifício’ do futebol para outra vila, mas no norte do país, mais concretamente a Vila das Aves, a 300 quilómetros do município ribatejano.

A licença para competir nas ligas profissionais será utilizada pelo futuro Aves SAD, que, assim, irá competir na II Liga 2023/24, fazendo regressar o futebol profissional à vila do concelho de Santo Tirso, que em 2020 viu a sociedade anónima do Desportivo das Aves, vencedor da Taça de Portugal em 2018, declarar-se insolvente e desistir de competir no Campeonato de Portugal, na altura o terceiro escalão nacional.

O clube foi extinto e, dali, nasceu o Clube Desportivo das Aves 1930, que passou a atuar nos campeonatos distritais da Associação de Futebol (AF) do Porto. Agora, com a fusão, a atual SAD do Vilafranquense vai assumir uma nova identidade, ou seja um novo nome (Aves SAD), uma nova imagem, sendo que o clube, por seu lado, continuará o seu trajeto, mas apenas no futebol de formação.

Este é caso raro, mas não único no futebol português, tendo em conta que também este ano a BSAD, que foi despromovida à Liga 3, vai unir-se ao Cova da Piedade, depois de os sócios do clube da margem sul de Lisboa terem aprovado o acordo com a Codecity, sociedade detentora da BSAD.

Após ter perdido a 'luta' com o Vilaverdense no play-off, a formação 'azul' vai agora atuar no terceiro escalão sob o nome de Cova da Piedade – Futebol SAD, utilizando a licença desportiva da BSAD, que permitirá à equipa de Almada voltar a atuar nos campeonatos nacionais após uma época sem competir, face à não certificação junto da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em maio do ano passado.

A SAD liderada por Rui Pedro Soares, que derivou de um extenuante e longo processo de separação com o Belenenses, clube que em 2012 vendeu a maioria do capital social da sua sociedade anónima à Codecity, mas que, em 2018, afastou-se daquela SAD e reiniciou o seu percurso a ‘solo’ nos distritais de Lisboa, até atingir este ano a subida à II Liga.

Contudo a ligação precursora neste histórico nasceu em 2020, com o histórico Estrela da Amadora, mais um clube lisboeta com ‘pergaminhos’ que ‘caiu em desgraça’ na primeira década deste século e que conta no currículo com 16 presenças na I Liga e uma conquista da Taça de Portugal, em 1990.

Refundado em 2011, sob o nome Clube Desportivo Estrela, o emblema amadorense também percorreu as divisões distritais da AF Lisboa até que, em 2020, uniu-se ao Club Sintra Football, um emblema nascido em 2007 e que conseguiu uma inédita subida ao Campeonato de Portugal, o terceiro escalão.

Da fusão, resultou o Club Football Estrela da Amadora, tendo sido criada uma SAD para gerir o futebol profissional, que, quase 15 anos volvidos, conseguiu agora recolocar a Reboleira no ‘mapa’ da I Liga, depois de os estrelistas se terem imposto ao Marítimo no play-off de acesso ao escalão principal.

Se os processos de fusão são raros – e nem sempre bem aceites pelos adeptos -, a venda da maioria do capital social das SAD tem sido recorrente, sendo o caso mais mediático o do Belenenses, na já referida ligação à Codecity, aprovada em Assembleia Geral em 2012, mas que viria a resultar numa sinuosa relação entre clube e sociedade anónima desportiva, e que obrigou à saída da equipa profissional do Estádio do Restelo e ao surgimento da designação BSAD.

Desportivo das Aves, Vitória de Setúbal, União de Leiria, Olhanense, Atlético ou Beira-Mar foram outros históricos clubes que cederam a maioria do capital das respetivas SADs a investidores, sendo que, tal como os ‘azuis’ do Restelo, também os leirienses voltam este ano às ligas profissionais, com a promoção à II Liga.

Em sentido inverso, o Vitória de Setúbal caiu agora no quarto escalão (Campeonato de Portugal), em que já estava o Beira-Mar e do qual saiu o Atlético, que conseguiu a promoção à Liga 3.

Já o Olhanense, cuja SAD chegou a ter investidores estrangeiros a partir de 2014, foi da I Liga aos campeonatos distritais nos últimos nove anos: em 2013/14 foi último na I Liga, andou as três épocas seguintes na II Liga, até cair no Campeonato de Portugal em 2017, e este ano não resistiu, pela primeira vez em 111 anos de história, à queda para as divisões distritais da AF Algarve, sendo agora liderado pelo antigo treinador Manuel Cajuda.

Entre os clubes que participaram na última edição da I Liga, Boavista, Famalicão, Vizela, Estoril Praia, Portimonense e Santa Clara já não detêm a maioria do capital social das respetivas SAD, estando na posse de investidores externos.

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