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Mundial feminino: Francisco Neto frisa importância do apuramento para o Euro-2017

O apuramento para o Europeu de 2017 foi um dos momentos marcantes de Francisco Neto como selecionador nacional feminino de futebol, uma validação do seu trabalho à frente da equipa, iniciado em 2014.

Mundial feminino: Francisco Neto frisa importância do apuramento para o Euro-2017

Em 25 de outubro de 2016, no seu 37.º jogo, o técnico selou o primeiro apuramento luso para uma fase final, com um empate 1-1 na Roménia, após prolongamento, pouco mais de dois anos após a estreia, em 05 de março de 2014, num particular com a Áustria.

“É fundamental (...) é o carimbo do OK. É possível, conseguimos, não demorámos assim tanto tempo como isso. É o primeiro apuramento para campeonato da Europa desde que este projeto foi implementado, um peso muito grande a sair das costas, de toda a gente”, recordou à Lusa Francisco Neto.

O selecionador prosseguiu: “Acima de tudo, (foi) uma mensagem muito grande para o futebol e para Portugal: ‘é possível, não há este impossível’.

“Aquilo que há uns anos as pessoas pensavam que estava muito longe e que não íamos alcançar, aquela geração (...) conseguiu concretizar e isso foi fundamental. Mudou-se nitidamente o ‘mindset’. Fomos competir com os melhores, conseguimos chegar a esse grupo, fomos a primeira equipa da Europa a ser Pote 4 numa qualificação e apurar-se para um Campeonato da Europa. Passámos a perceber todos que somos realmente capazes de fazer os impossíveis acontecer e, acima de tudo (...), a mudança de mentalidade”, explicou Francisco Neto.

Portugal esteve na fase final em 2017 e, com a pandemia da covid-19 pelo meio, voltou a qualificar-se para a edição de 2022, ainda que com a ajuda da exclusão da Rússia, que eliminara Portugal num play-off.

“Esse apuramento não foi concretizado no terreno, como nós gostamos, mas foi, sem dúvida, o melhor apuramento que fizemos até hoje. Fomos até à última jornada a depender sempre de nós. Competimos com as melhores equipas, fizemos o máximo de pontos e golos num apuramento, jogámos sempre olhos nos olhos com todos os nossos adversários e fomos altamente competitivos, que é isso que nós queremos”, afirmou à Lusa.

O apuramento chegou pela repescagem, e, em 2022, Portugal teve “uma prestação mais uma vez de afirmação no contexto internacional”.

“Conseguimos competir com todas as equipas, à exceção do último jogo, com a Suécia, onde tivemos alguns problemas e não fomos tão competitivos. Mas, sem dúvida nenhuma, que foi uma afirmação mais uma vez de que queremos lá estar. E é por aqui que nós temos que andar. De nada serviria 2017 se nós não conseguíssemos continuidade nas fases finais. Quando tu consegues continuidade, ou quando sentes que consegues estar continuamente nas fases finais, percebes que o teu trabalho está a ser bem feito”, disse.

Na origem, um trabalho iniciado em 2014, ano em que Francisco Neto foi convidado por Mónica Jorge, então selecionadora, para o cargo, depois de já o ter escolhido para treinador de guarda-redes da seleção feminina, quando já era coordenador técnico da Associação de Futebol de Viseu.

“Eu estava na Índia, em trabalho, num projeto com a Associação de Futebol de Goa e recebi o convite da Federação para vir a uma entrevista de trabalho e as coisas aconteceram”, recordou.

O técnico luso chegou à seleção com apenas 32 anos, orientando então várias jogadoras mais velhas, mas sentiu-se “super bem acolhido”.

“Senti-me mais um. As jogadoras receberam a mensagem que na altura eu fui passando, perceberam qual era o grande objetivo da minha entrada (...), que a direção da Federação Portuguesa de Futebol estava a tomar um sentido diferente e a pegar de forma diferente naquilo que era o futebol feminino português e, por isso, foi muito fácil a integração”, disse.

E acrescentou: “Foi fácil, acima de tudo, estabelecer bem as regras, estabelecer bem aquilo que eram as normas da vida em comum em seleção, e trabalhar. Muito trabalho pela frente. Foi muito essa a mensagem e, felizmente, as coisas correram bem”.

Francisco Neto lembra que, então, a seleção estava abaixo do que está hoje no ranking, sendo que, nos primeiros anos, o objetivo foi “procurar passar uma mensagem de ambição, de alteração daquilo que eram os objetivos, e traçar que o grande objetivo era, num espaço a médio e longo prazo, conseguir estar presente nas fases finais”.

A mensagem de mudança de mentalidade, de que Portugal não era “inferior aos outros”, passou, aliada a “melhores condições de trabalho, mais estágios” e a competir “com as melhores equipas mais vezes”, sem esquecer o trabalho dos clubes e das associações.

Os resultados “foram surgindo”, com Portugal a conseguir equilibrar cada vez mais tempo os jogos com as melhores equipas, não se livrando no processo de alguns desaires pesados, mas como que previsíveis e essenciais para o crescimento da equipa.

“Claro que nos custa a todos não ganhar jogos, custa-nos a todos não ser competitivos, mas também percebíamos que naquela altura era a melhor forma para poder chegar ao sucesso”, contou Francisco Neto, explicando os ‘alicerces’ do Mundial2023.

A seleção portuguesa feminina de Portugal é estreante no Mundial de 2023, que se realiza na Austrália e Nova Zelândia, de 20 de julho a 20 de agosto, com a seleção lusa integrada no Grupo E, com Países Baixos (jogo em 23 de julho, em Dunedin), Vietname (27, em Hamilton) e Estados Unidos (01 de agosto, em Auckland).

Confira aqui tudo sobre a competição.

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