"É cruel treinar o Barcelona. Fazem com que te sintas inútil"

Após anunciar a sua saída na semana passada, Xavi Hernández falou pela primeira vez em conferência de imprensa, revelando os motivos por trás da sua escolha e abordando as dificuldades que enfrentou no cargo.

Em conferência de imprensa, e perante uma sala repleta de jornalistas, Xavi reconheceu que o Barcelona atravessa "uma das situações mais difíceis da história do clube" e expressou o seu desapontamento com a falta de valorização do trabalho realizado pela sua equipa técnica.

"É uma situação generalizada. Faças o que fizeres, digas o que disseres, o trabalho não vai ser valorizado. Não é que não aguente a pressão, pelo contrário. Mas nunca se vai valorizar o trabalho que se está a fazer numa das situações mais difíceis na história do clube", começou por dizer o técnico do emblema blaugrana, ao jornal 'AS', citado pelo 'Record'.

Xavi explicou que a sua decisão de deixar o clube já estava tomada desde o início da época, enfatizando que o seu trabalho não foi devidamente reconhecido pelos responsáveis máximos do Barça.

"Preciso de dizer que era algo que já estava decidido há muito tempo. Acredito que o nosso trabalho não foi valorizado. Já ouvi que me vou embora por vários motivos, mas a verdade é que acredito que não fomos valorizados. E, por esse motivo, decidi sair", explicou o antigo médio espanhol.

O técnico catalão também partilhou a sua perspetiva sobre a intensa pressão associada ao cargo de treinador do Barcelona. Xavi descreveu a experiência como "cruel" e sublinhou a falta de apreciação e qualidade de vida no exercício das suas funções.

"É como me sinto, tento expressar o que sinto. Fazem com que te sintas inútil, é cruel treinar o Barcelona"

"Falei disso com outros treinadores, Pep, Ernesto, vi sofrer o Luis Enrique, mas não sabia. Agora já o vivi. Temos um problema quanto à exigência deste cargo. Não se aprecia, não é qualidade de vida parece que arriscas a vida a cada momento. Por isso é que digo que é cruel", contou Xavi.

A sua saída no final da temporada deixa uma incerteza sobre o futuro do clube e abre espaço para especulações sobre quem poderá assumir o comando técnico no próximo ciclo.

Este episódio marca o fim de uma era no Barcelona e desencadeia um período de reflexão e transformação para o clube catalão, que terá de encontrar um sucessor à altura para liderar a equipa numa nova fase da sua história.