Novelas ao Raio-X: Bruma e Cardozo, dois exemplos de não gestão

É frequente dizer que no mundo dos negócios só os mais fortes sobrevivem e, no futebol, essa máxima é inquestionável. No entanto, para se ser forte e competitivo são necessárias certas caraterísticas. Uma delas é a organização. Em cada início de época renovam-se as ilusões dos adeptos, sócios e simpatizantes. A pré-temporada, muitas vezes, serve para tirar as primeiras ilações do que está a ser feito, contudo, existe um trabalho realizado meses antes: um trabalho que passa, frequentemente, despercebido.

Esta seria, de facto, a prática mais correta. Planificar e organizar atempadamente. Não obstante, nem sempre é o que se verifica. Os clubes portugueses, e não só, têm a tendência para facilitar em determinadas situações e não acautelam os seus interesses a médio prazo.

No Sporting, o caso Bruma é um exemplo de não gestão. Não interessa saber de quem é a culpa: se do jogador, dos empresários ou do clube. O que é relevante é saber como poderia ter sido evitada toda esta situação, sem que atleta e clube saíssem prejudicados. Uma planificação atempada teria levado a que o Bruma tivesse estado no Mundial de Sub-20 com a situação contratual já resolvida. Verificou-se o contrário. O Sporting não se acautelou como deveria e tem agora em mãos um problema de difícil resolução. Depois de uma temporada conturbada, os leões não precisavam, na pré-época, de mais uma polémica.

Do outro lado da Segunda Circular, o caso Cardozo. O Benfica decidiu, com toda a legitimidade, esperar o fim das férias do avançado paraguaio para resolver uma situação que se arrasta desde o final da temporada transata. Foi uma opção arriscada por parte do clube da Luz. A situação deveria ter sido resolvida nas semanas a seguir à final da Taça de Portugal. Esta não tomada de decisão por parte do Benfica só serviu para alimentar notícias sobre a saída do jogador para o clube A, B ou C, criando alguma indefinição na pré-temporada do Benfica. Cardozo fica ou sai? Certas decisões, por muito difíceis que sejam, devem ser tomadas rapidamente.

Veja-se o caso do Manchester United, que resolveu a sucessão de Alex Ferguson, um ícone do clube, em semanas. O Bayern de Munique também anunciou a contratação de Pep Guardiola a meio da temporada (ainda o clube bávaro não tinha conquistado nada), preparando assim com antecedência o futuro da equipa. Num mundo extremamente competitivo, como é o do futebol, é essencial saber decidir rápido e planear com antecedência.