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Os cabo-verdianos não esconderam hoje a desilusão pela eliminação da seleção Taça das Nações Africanas de futebol (CAN2015), que decorre na Guiné Equatorial, mas continuam a confiar nos `Tubarões Azuis´ e no selecionador português Rui Águas.
Um silêncio `sepulcral´ inundou o Fan Parque construído para o efeito, num dos bairros da Cidade da Praia, após o apito final do árbitro camaronês N. Alioum no embate diante da Zâmbia, que terminou igualado sem golos.
No outro jogo do grupo B, Tunísia e RD Congo também empataram, mas a um golo, pelo que os cabo-verdianos acabaram afastados devido a terem marcado menos um golo do que a RD Congo.
Seguiram-se olhares cabisbaixos, incredulidade, desânimo e desilusão entre os adeptos, muitos exibindo orgulhosamente a camisola, o cachecol e a bandeira, mas desta vez não vibraram com os `Tubarões Azuis´.
"Não deu", lamentou em tom de conformismo uma jovem que vestia um casaco branco para se agasalhar do frio, enquanto abraçava um amigo que não esboçou uma palavra.
De passos curtos e semblante carregado, Joaquim Ascensão Silva, natural da ilha da Boavista, disse à Lusa que o sentimento é de "tristeza", porque Cabo Verde não perdeu nenhum jogo, mas também não ganhou nenhum, tendo "pecado" na finalização.
"Mesmo assim, saímos da CAN de cabeça levantada. É preciso continuar a trabalhar da mesma forma para representar Cabo Verde condignamente, porque os resultados hão-de aparecer", disse, mostrando confiança e dizendo que continua a acreditar, "cada vez mais", na seleção.
Mesmo sentimento expressou Jorge Jesus, natural de Santo Antão, para quem é "um bocadinho frustrante" ser afastado da CAN, quando toda a sociedade cabo-verdiana acreditava no apuramento para os quartos de final.
"Mostrámos, desde o primeiro jogo com a Tunísia (1-1), que somos uma seleção forte, unida e coesa. Foi pena não termos concretizado as várias oportunidades criadas", lamentou Jorge Jesus.
Mesmo assim, disse que continua a acreditar na seleção, uma vez que já se criou uma dinâmica e uma envolvência "muito fortes" à volta da seleção, quer no país, quer na diáspora.
Jorge Jesus considerou que, apesar de falhar os objetivos, que era passar aos quartos de final, não se deve efetuar "grandes mudanças" de jogadores nem na equipa técnica liderada por Rui Águas, uma vez que há jovens com talento e "convém" garantir "estabilidade" para o futuro.
"Cabo Verde está a jogar muito bem e todos os jornalistas, quer da BBC, quer da Euronews, fazem muitos elogios à seleção, mas falta apenas a finalização. Por isso, não há motivos para grandes mudanças", afirmou Jesus, de 46 anos.
Bernardino da Moura Lopes, 27 anos, natural da Cidade da Praia, lamentou o afastamento "prematuro" da seleção cabo-verdiana, referindo que os `Tubarões Azuis´ apenas falharam na finalização.
Indicando que durante os 90 minutos esteve com o "coração na mão" e com "os nervos à flor da pele", o jovem praiense garantiu que continua a confiar nos `Tubarões Azuis´ para os embates futuros, nos apuramentos para a próxima CAN e próximo mundial.
Cabo Verde perdeu uma das vagas para os quartos de final para a RD Congo, que garantiu o segundo lugar do agrupamento com o empate 1-1 diante da Tunísia, vencedora do grupo, e vantagem nos golos marcados (dois, contra um de Cabo Verde).
Nos quartos de final, a RD Congo defrontará o Congo, no próximo sábado, no mesmo dia em que a Tunísia discutirá uma vaga nas meias-finais com a Guiné Equatorial.
