Um inquérito da Transparência Internacional concluiu que quatro em cada cinco adeptos de futebol não querem a reeleição de Joseph Blatter como presidente da FIFA, organismo que, segundo o mesmo estudo, não tem a confiança de 69,2 dos inquiridos.
Na votação participaram mais de 35 mil pessoas, distribuídas por 30 países, tendo como principal objetivo avaliar os efeitos que os casos de corrupção e a suposta má governação do organismo que rege o futebol têm junto dos adeptos, que não terão qualquer influência nas eleições, já que apenas votam os representantes das 209 federações que compõem a FIFA.
As perguntas foram preparadas em conjunto pela Transparência Internacional, organização mundial contra a corrupção, e pela Futebol Addicts, responsável pela aplicação Forza Futebol, e o inquérito decorreu na semana passada, ainda antes da desistência do português Luís Figo e do holandês Michael van Praag da corrida à presidência do organismo.
O português era o candidato favorito dos adeptos na eleição de sexta-feira, recolhendo 59,1% das preferências, sendo que um quarto dos inquiridos não votaria em nenhuma das quatro candidaturas apresentadas.
O estudo revelou ainda que existiram diferenças assinaláveis nas respostas consoante a nacionalidade/região do inquirido. Depois da polémica atribuição do Mundial de 2022 ao Qatar, 60% dos inquiridos desta país manifestaram confiança na FIFA, enquanto no Chile 100% dos auscultados mostraram-se contra Blatter e 88% contra o organismo.
Relativamente ao Mundial de 2022, 39,1% dos ‘fãs’ atribuiriam o campeonato à Austrália, 37,8% aos Estados Unidos, 10,8% ao Japão e 10,1% à Coreia do Sul. Quanto ao Qatar, recolheu 2,2% das preferências.
Segundo Deborah Unger, da transparência Internacional, aos escândalos associados à FIFA têm ‘manchado’ a reputação do organismo, chegando a admitir que os adeptos que pagam para ver futebol “mereciam melhor”.
A mesma opinião tem Patrik Arnesson, cofundador do Futebol Addicts, destacando a importância destas ‘escutas’ para se ter a ideia do contraste entre a comunidade do futebol e a FIFA. Arnesson fala em “falhas democráticas na sociedade futebolística” que espera ver resolvidas pelo próximo presidente da FIFA.
As eleições para a presidência do organismo que rege o futebol mundial realizam-se na sexta-feira, no segundo de dois dias do congresso da FIFA, em Zurique, na Suíça, sendo que, com a desistência de português Luís Figo e do Holandês Michael van Praag, apenas duas candidaturas vão a votos: a do atual presidente Joseph Blatter e a do príncipe Ali bin Al Hussein, da Jordânia.