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Riade89: «Fomos nós que abrimos as portas à aposta na formação», Tozé

O “capitão” dos campeões de Riade, Tozé, acredita que foi a “geração de ouro” do futebol português que abriu caminho à aposta na formação e ao estatuto de alta competição, permitindo aos jovens competir sem importunar os estudos.

Riade89: «Fomos nós que abrimos as portas à aposta na formação», Tozé

Entre as recordações de um momento único – a conquista da prova disputada na Arábia Saudita há 25 anos – e a leitura consciente do estado da modalidade no capítulo da formação, Tozé confessou, em entrevista à Agência Lusa, a boa sensação que é, ainda hoje, ser reconhecido como o futebolista que levantou a taça de campeão mundial sub-20.

Quuanto à importância e o impacto da conquista na Arábia, Tozé foi perentório: “Tenho a certeza que representou muita coisa. Foi a partir de então que foi criado o estatuto de alta competição, o que permitiu compatibilizar os estudos dos jovens com as suas carreiras desportivas, que obrigam a muitos dias fora de casa”.

Aliás, o antigo médio foi dos que “penou” por ausência desse estatuto: “Não tivemos essa possibilidade e só consegui tirar o curso muito mais tarde”, anotando ainda que está em vias de concluir um mestrado em Educação Física.

“Todos os jovens [talentos] são hoje vistos e referenciados de forma como nós não fomos. O título de Lisboa confirmou tudo isso. O futebol de formação está diferente, para melhor”, referiu o antigo jogador do Leixões, Tirsense, Leça, Alverca e Maia.

Tozé sustentou que, na altura, os jovens eram “dispensados das equipas principais para rodar noutras equipas e, entre os que se aproveitavam, só com 27 ou 28 anos é que chegavam ao topo do futebol”.

“Acho que fomos nós que abrimos as portas ao facto de, hoje, o futebol de formação ser diferente”, referiu, sublinhando que “Portugal está a aproveitar”.

Este campeão de Riade sublinhou ainda: “Felizmente, está a ser feito um grande trabalho ao nível dos técnicos de formação. Ajudam muito na deteção de talentos e os clubes têm uma organização mais forte, com observações e captações de miúdos, como o Barcelona, que vai buscá-los aos oito e nove anos”.

O antigo médio, que aos 44 anos ainda joga no Custóias, dos “distritais” portuenses, afirmou ser de relevar “o caso do Sporting, em evidência em Portugal. Basta ver quem `fez´ aquela academia. Percebe-se que as conquistas de Riade e Lisboa valeram a pena, neste sentido”.

Mas nem tudo são “rosas” no capítulo da formação: “A situação económica não será a ideal e os `grandes´ não estão a aproveitar a formação, apesar do bom trabalho das equipas B, a competir a um nível elevado, na II Liga”.

“É melhor a aproximação entre clube e o jovem jogador, apesar de verificarmos que Benfica e FC Porto, principalmente o Benfica, praticamente não têm jogadores no `onze´ inicial. O que é frustrante para quem gasta milhões na formação e não tem ninguém rentabilizado”, assinalou.

E deixou um repto: “Espero que aconteça o que disse o presidente do Benfica, que os clubes têm que se virar para a formação e rentabilizar o seu investimento”.

Do presente para o passado, de há um quarto de século, quando ainda só tinha 19 anos e era um dos eleitos de Carlos Queiroz: “São muitas as memórias e recordações, foram momentos excelentes de um grupo que esteve junto seis anos. São vivências que não se esquecem”.

Com alguma nostalgia, recordou a “cultura especial do mundo árabe” para relatar dois ou três episódios, como aquele em que a comitiva se passeava por Riade e, em determinado local, onde havia um edifício sagrado, a Polícia tentou tirar material fotográfico ao repórter, que acompanhava os jogadores.

“Estávamos numa praça, com o António Cotrim, da Lusa, quando lhe tentaram partir as máquinas. A sorte é que o nosso guia interveio, demoveu-os, e apenas estragaram os rolos”, contou o antigo médio sub-20.

Tozé recordou ainda uma tempestade de areia no dia do jogo com a seleção da casa, que impôs a única derrota lusa no torneio: “Se calhar foi por isso que perdemos, era muito pó. E ainda havia as horas das rezas, que começavam às 05:00, com os megafones virados para o hotel, o que não era fácil”.

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