loading

Euro-2004: «A ideia foi minha», Gilberto Madail

Gilberto Madail contou à agência Lusa que foi ele que teve a ideia de organizar em solo luso o Euro2004, sonho que viria a tornar-se realidade, depois de os espanhóis dizerem que “não precisavam de Portugal para nada”.

Euro-2004: «A ideia foi minha», Gilberto Madail

“Sem falsas modéstias, a ideia foi minha. Isso nasceu quando houve a apresentação de candidaturas ao Euro2004, em 1999, e nós vimos que a Espanha ia apresentar uma candidatura. Tínhamos também a Hungria e a Áustria, que era uma candidatura conjunta”, afirmou o então presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

A primeira ideia passou por uma candidatura conjunta com a Espanha: “Nós pensámos, numa primeira fase, associarmo-nos aos espanhóis, para termos uma candidatura conjunta. Só que os espanhóis, dentro do espírito deles, disseram que não precisavam de Portugal para nada, que não queriam associar-se a qualquer candidatura com Portugal”.

A notícia correu rápido, via “comunicação social e chegou ao Governo”, tendo surgido, então, em cena “uma peça muito importante, o ministro, que mais tarde foi primeiro-ministro, José Sócrates”.

“Escreveu-me uma carta a dizer que Portugal, o Governo português, estava na disposição de apoiar tudo o que fosse necessário para uma candidatura portuguesa com vista ao Euro2004. A partir dai, tudo se desencadeou”, lembrou.

Com o suporte do Governo, a FPF pôs mãos à obra: “Começámos a trabalhar num dossiê de candidatura, arranjámos um comité organizador, uma comissão organizadora, à qual pertencia também o Carlos Cruz, e começámos a desenvolver todos os nossos esforços. Seria a primeira vez, se fosse atribuído a Portugal, que o Campeonato da Europa era atribuído a um dos não ‘grandes’”.

“Começou, a partir daí, toda uma campanha, em que fiz centenas de milhares de milhas, deslocando-me às diferentes capitais europeias dos elementos que votavam - porque na altura quem votava eram os elementos da comissão de organização do Campeonato da Europa -, para explicar-lhes porque é que Portugal poderia e desejaria fazer um Campeonato da Europa”, explicou o ex-líder federativo.

Não foi fácil convencer os seus pares: “De início, a nossa candidatura foi aceite com uma certa reserva, externamente, mas também internamente – houve muita gente que disse que isto era fogo-de-artifício, que nós nunca conseguiríamos -, mas nós persistimos e fizemos, acho, uma boa campanha”.

“Estivemos em vários pontos da Europa, nomeadamente na Europa de Leste e, com o apoio do Governo português, através do ICEP, conseguimos organizar eventos em várias cidades, nomeadamente em Estocolmo e Praga, para lançar a candidatura portuguesa, também com o apoio dos embaixadores portugueses nos diferentes países”, prosseguiu Gilberto Madail.

A “nega” de Espanha acabou também por funcionar de forma positiva: “A posição espanhola foi uma posição que nos irritou. Ainda bem que irritou também o Governo da altura, porque dizer que não precisavam de Portugal para nada...”.

O processo foi, porém, complexo: “Houve muitas coisas complicadas, especialmente a desconfiança por parte (...) dos países que fazem parte da UEFA, especialmente dos nórdicos, que não tinham grande confiança nos países do sul da Europa, latinos. Ainda por cima, a nossa dimensão não era apelativa para a realização de um Campeonato da Europa”.

“De maneira que, tivemos de ultrapassar isso. Eu, pessoalmente, fui a determinadas capitais de países duas vezes e até houve uma a que fui três vezes, para convencer a federação local de que a nossa candidatura era uma candidatura séria, uma candidatura para cumprir tudo aquilo a que nos tínhamos proposto”, explicou.

Confira aqui tudo sobre a competição.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Quem será o próximo presidente FC Porto?